ENTRETENIMENTO
Rafa Brites derruba a impostora: “Questiono minhas resistências internas, autocríticas e convenções sociais que nos limitam”

Há dois momentos cruciais que representam a maturidade de Rafa Brites. O primeiro foi quando estava se formando em administração de empresas. Na época, Rafa passou em primeiro lugar em um programa de trainee de uma grande multinacional, deixando para trás muitos concorrentes. Foi contar a notícia para alguns amigos, mas ouviu comentários bem maldosos sobre ter sido escolhida. Mesmo sabendo do seu potencial e dos méritos para ter conseguido o posto, se deixou levar pelo que disseram, validando o sentimento de síndrome de impostora, e abdicou da vaga.
Em 2019, na segunda vez em que abandonou um emprego, entretanto, era uma outra Rafa que pedia demissão da Globo. Ela havia sido repórter do “Mais Você” e “Vídeo Show” e apresentadora do “Superstar”. Entretanto, na ânsia de ir para casa e ver o filho ainda acordado, ultrapassava sinais vermelhos no trânsito e percebeu que a rotina não estava fazendo bem.
Decidiu priorizar Rocco, que hoje tem 8 anos. A família se completou com Leon, de 3 — ambos frutos do casamento com o também apresentador Felipe Andreoli. A mudança calculada foi positiva para ela, que aumentou sua presença no digital, fortalecendo sua imagem como influenciadora. Ela sabia o que queria.
Hoje, com mais de 2 milhões de seguidores, fala com leveza sobre os tropeços, imperfeições e a maturidade baseada no autoconhecimento.
Questiono minhas resistências internas, as autocríticas e também as convenções sociais que nos limitam, para driblar momentos que podem me paralisar.
De volta à TV, mas em família também
Nem toda decisão é permanente. Aos 38 anos e movida a desafios, ela aceitou voltar à TV aberta, agora na Record. O cuidado com as crianças continua sendo prioritário, mas dá para ver em seus stories um equilíbrio: entre provas de looks para trabalhos variados, lá está a apresentadora de pijama, no chão, brincando com carrinhos Hot Wheels. Folga? Um dia no sítio pegando ovos no galinheiro, comendo bolo caseiro e curtindo a família.
“Achava que eu era inconstante demais, porque já tive muitos trabalhos. Hoje sei que a carreira não precisa ser linear. O que a gente acumula ao longo do tempo é o que forma nossa trajetória. Me vejo como alguém criativa”, reflete.
O marido, com quem está desde 2010, hoje é companheiro de trabalho. Ao lado de Felipe, ela já apresentou o reality show Power Couple, em 2025, e também está no ar com o Game dos 100, e o Love & Dance, todos na Record. Nos programas, discute relacionamento e até arrisca uns passinhos de dança com seu par: “Ele dança muito mal, eu danço só mal”, brinca sobre o desafio.
Rafa diz que é do tipo que vive buscando estar com Felipe e fica até chateada quando chega em casa e ele não chegou ainda. “Sou uma mulher independente que adora ficar grudada no meu namorado”, diz, romântica.
Preocupa-se também com a educação dos pequenos, tentando passar para eles que não precisam alcançar expectativas altas, nem passar a vida com o sentimento de quase ter feito algo. É melhor errar sendo espontâneo, ela garante, do que deixar o medo de errar tornar as pessoas robóticas. Além disso, Rafa acredita que é fundamental ensinar gratidão às crianças. “Mostro para eles que aquilo que parece normal para a gente é, na verdade, um privilégio. Tem gente de joelhos pedindo para ter o que eles têm”.
Tudo está na maneira como vejo. Fracasso, dependendo da maneira como se olha, é só a necessidade de dar mais um passo.
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Em busca do espaço
Nas redes sociais, além de mostrar momentos em família em brincadeiras com os filhos e os cachorros Bolota e Mafuné, jogando tênis ou em viagens com o marido e muitos trabalhos, Rafa também conversa com suas seguidoras sobre um assunto que lhe foi muito caro e rendeu o livro “Síndrome da Impostora”, escrito durante a pandemia.
A obra, que foi traduzida para o inglês e lançada em setembro em Los Angeles, é o relato de uma luta que Rafa e outras tantas mulheres encaram ao não se sentirem dignas de suas conquistas. “Não foi só a vaga de trainee, quando eu era mais nova. Fui percebendo que, ao longo da vida, me colocava nesse lugar. Eu dirigia bem, mas não pegava estrada. Porque ouvia ‘mulher no volante, perigo constante’. Achava que era insuficiente, mas não ia à raiz dos problemas, só olhava o fato”, explica ela, que hoje dirige livremente por estradas e adora sua autonomia para viajar.
A questão, para ela, é saber que esse olhar precisa ser constante para não voltar a repetir velhos padrões. “A verdade? Eu continuo tendo esses pensamentos de impostora, mas hoje eu me lanço ao que tenho de fazer mesmo assim”, diz, cada dia mais segura.
O livro deu origem ao “Clube das Impostoras”, um projeto dividido por episódios, disponível na plataforma Audible, em que recebe outras mulheres para trocar experiências. Nomes como as cantoras Priscilla, Fafá de Belém, Katú Mirim e Negra Li, as atrizes Martha Nowill, Suzana Pires e Juliana Caldas, a deputada federal Tabata Amaral e a empresária Karina Sato estiveram presentes.
O olhar de “Impostora” passa também pela aceitação do corpo. Embora tenha crescido num lar amoroso, com pais presentes e que celebravam qualquer “desenho torto” feito por ela, Rafa reconhece que a construção de uma autoimagem saudável foi dolorosa. “Me comparava com as meninas nas capas da ‘Capricho’ ou as modelos na Victoria Secrets. Ia me olhar no espelho já procurando defeito”, conta, garantindo que, agora madura, não trocaria nada em si e nem tem vontade de voltar no tempo.
O envelhecimento, aliás, é algo que até a deixa animada. “Tenho menos medo. Eu penso na finitude da vida e, por pensar muito no assunto, vivo ainda mais. A forma de remediar a morte é vivendo”, afirma.
De fato, a trainee que desistiu no passado se tornou uma mulher que vive plenamente e que sabe muito bem do que é capaz.
Hoje tenho um olhar de bombeiro, sempre com medo de que algo aconteça com os meus filhos, me cercando para diminuir essas possibilidades. Mas tento controlar isso, porque a vida está acontecendo. Eles vêm em primeiro lugar, tento viver o agora e desfrutá-lo ao máximo que posso.
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