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ENTRETENIMENTO

Rodrigo Simas se desnuda de corpo e alma em monólogo e revela: ‘Eu nunca expus isso, mas sou um homem bissexual’

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Ser ou não ser, eis a questão”. Em “Hamlet”, clássico do dramaturgo inglês William Shakespeare, escrito entre 1599 e 1601, o personagem-título tem a sua sexualidade omitida. Há quem acredite que o príncipe amasse Horácio, seu amigo confidente, e não Ofélia, a quem cortejava, mas rejeitou. Na versão contemporânea para a tragédia, “Prazer, Hamlet” — que estreia temporada carioca neste sábado (4), no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana —, de autoria e direção de Ciro Barcelos, Rodrigo Simas encarna um ator às vésperas de estrear o famoso espetáculo, desdobrando-se em três personagens centrais, e outros mais. Em cena, ele usa um cinto de castidade e, por instantes, fica nu. A exposição, do corpo e da própria sexualidade, não é um problema para Simas, que pela primeira vez fala abertamente sobre o tema.

Rodrigo Simas no monólogo “Prazer, Hamlet”
Rodrigo Simas no monólogo “Prazer, Hamlet” Foto: Ronaldo Gutierrez / Divulgação

 

É seu primeiro monólogo da carreira. Que tal estar sozinho no palco?

Tem muita insegurança, mas também é um prazer. Não há um outro ator ou atriz para eu compartilhar do prazer da cena, mas tem o deleite. Durante os ensaios, eu me via muito no lugar do personagem da peça, o ator que passa por conflitos e medos. Eu achava que querer fazer um monólogo, na minha idade (31 anos), era me dar muita importância. Com o convite do Ciro, percebi que era, na verdade, ter muita coragem. No meio do processo, quase desisti de tudo, por receio de não dar conta. Dei uma pirada.

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As caracterizações são elaboradas, as maquiagens e a troca de figurinos são feitas em cena. Em certo momento, você se despe no palco. É a maior exposição em público a que já se submeteu?

A exposição, pra mim, não está ligada exatamente a ficar nu. É uma metáfora importante da peça. O cinto de castidade representa a sexualidade reprimida de Hamlet. Então, a nudez no palco é uma entrega à história.

Qual costuma ser a reação da plateia? Há quem vá para ver Rodrigo Simas pelado?

Na primeira temporada, em São Paulo, eu acho que teve, sim. Teve de tudo, uma plateia “cult” e uma mais popular, que não está acostumada a ir ao teatro. Talvez, a nudez tenha motivado. Não me incomoda. Fico até feliz por levar as pessoas ao teatro, de alguma forma. Que elas tenham sido atravessadas pela arte. O nu é muito sútil. Quando eu tiro o cinto, não é explícito, fica sob um jogo de luz.

Rodrigo Simas no monólogo “Prazer, Hamlet”
Rodrigo Simas no monólogo “Prazer, Hamlet” Foto: Ronaldo Gutierrez / Divulgação

 

Numa metáfora, como lida com a exposição da sua vida pessoal?

Acho que consegui encontrar um equilíbrio legal, principalmente com relação às redes sociais. Quando a gente é novo, não tem muita noção, almeja esse lugar da fama, de ser conhecido. É um prazer quando as pessoas vêm me cumprimentar pelo meu trabalho. A fama, por si só, não me enche os olhos. O que eu e Agatha (Moreira, sua namorada, também atriz) mostramos nas redes sociais é consequência da nossa profissão. E eu não exibo tudo o que faço, o tempo inteiro, mas curto essa maior proximidade com o público. E a internet proporciona essa comunicação com as pessoas que gostam da gente.

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Ao contrário de Hamlet, você fala abertamente sobre a sua sexualidade?

Não tenho problema em falar sobre isso. Mas é um tabu a pessoa ter que se rotular, dizer o que é ou não é. Eu sou um cara livre. Acredito na liberdade de escolha, de ser o que a gente quiser.

Você se definiria com alguma das letras da sigla LGBTQIAP+?

Eu nunca expus isso, mas sou um homem bissexual. É um rótulo, mas me sinto maduro e tranquilo para falar sobre isso agora.

 

O ator Rodrigo Simas
O ator Rodrigo Simas Foto: Ronaldo Gutierrez / Divulgação

 

“Prazer, Hamlet” também explora medos, questionamentos e fantasmas internos do protagonista. Você faz terapia?

Faço, sim. Comecei quando me mudei para morar com Agatha, durante a pandemia. Foi um momento em que muita gente precisou desse apoio psicológico. Me ajudou muito na saúde mental. A psicanálise está aí para você se questionar, se ouvir, é autoconhecimento.

Qual é o seu maior medo hoje?

Não tenho medo da morte, mas de não estar perto das pessoas que amo, por algum motivo. E da invalidez, que me falte saúde.

E qual é o seu maior questionamento?

(Risos) Está ficando profunda a conversa… Entender o propósito de a gente estar aqui nessa vida. A felicidade, que a gente tanto busca, talvez não exista. A sociedade impõe que a gente tem que “chegar lá”. O que é “chegar lá”? É muito passageiro…

A pergunta da peça é: “Quem o príncipe amou, afinal?”. Você teve vários amores?

Tive várias paixões. Amo quando tem verdade, troca sincera, querer estar junto.

 

Rodrigo Simas e Agatha Moreira
Rodrigo Simas e Agatha Moreira Foto: Reprodução de Instagram

 

Agatha é o grande amor da sua vida?

Com toda a certeza! Estamos juntos há quatro anos e meio. Somos um casal bem normal, com altos e baixos. Por sermos muito parecidos, isso nos faz bater de frente, algumas vezes. Porque nos reconhecemos um no outro. O que me irrita nela, e vice-versa, são características que também tenho. Nos espelhamos um no outro.

Sua família é numerosa. Você quer filhos?

Eu e Agatha até conversamos sobre isso, mas pela vontade de não ter. Neste momento, pelo menos. Não sei se mudará mais pra frente. Mas, por agora, não está nos nossos planos.

E quais são os seus outros planos profissionais para este ano?

Vou estar numa série da Star+. Ainda estamos no início das preparações, então não posso falar muito a respeito. Mas é um personagem bem diferente de todos os que já fiz. Estou num momento artístico muito feliz, acho que essa peça começou a me trazer esses bons frutos. Dia 2 de maio, estreia no Globoplay “As aventuras de José & Durval”, que eu e meu irmão (Felipe Simas) fizemos, sobre a vida de Chitãozinho & Xororó. Tem uma participação minha no filme “Apaixonada”, estrelado por Giovanna Antonelli, que deve estrear perto do Dia dos Namorados. E rodei um filme em Israel com a Tati Lopes, em dezembro, “Viva a vida”, uma comédia romântica. A princípio, fico em cartaz com “Prazer, Hamlet” no Rio por cinco semanas.

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