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RIO BRANCO
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ENTRETENIMENTO

‘Vai que Cola’ vira exemplo de estrelismo tóxico e da reação lenta da Globo

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Quem conhece um pouco da dinâmica dos bastidores da TV não se surpreendeu com os relatos de assédio moral contra os roteiristas do ‘Vai que Cola’. Muitos atores se comportam de maneira execrável atrás das câmeras, dominados por egocentrismo e deseducação.

Esse comportamento costuma ser recorrente em quem se acha maior do que realmente é. Precisa humilhar os profissionais ao redor para reafirmar a si um pequeno poder. Nada mais ridículo.

Os atores denunciados por aterrorizar a equipe de escritores deveriam seguir o exemplo daqueles que são mesmo grandes, gigantescos, como Tony Ramos, Gloria Pires e Fernanda Montenegro. Artistas que jamais desprezaram colegas. Pelo contrário, são conhecidos e admirados pela grandeza do acolhimento e do respeito ao outro, seja o dono da emissora ou a senhora anônima que limpa o estúdio. Dignificam o trabalho coletivo do audiovisual.

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Acima do estrelismo vexaminoso de parte do elenco do humorístico está o erro da direção do Multishow e do Grupo Globo, proprietário do canal. Por que só se manifestaram para resolver a situação após o caso gerar manchetes na imprensa?

Mais uma vez, a Globo se mostra lenta na reação a um episódio de abuso emocional entre seus funcionários. O mesmo aconteceu, por exemplo, quando houve segregação dos atores pretos da novela ‘Nos Tempos do Imperador’. Os artistas afetados precisaram recorrer à mídia para serem ouvidos internamente.

Agora, depois do estrago à imagem do Multishow, a apuração a respeito do ultraje aos roteiristas no ‘Vai que Cola’ foi acelerada. Outro detalhe causou estranhamento: alguns atores da atração se recusaram a gravar um determinado roteiro do programa para prejudicar um autor, posteriormente demitido. Essa indisciplina escancara a falta de pulso firme da direção de teledramaturgia da TV. Atores são operários da arte, e não deuses voluntariosos.

Citados anteriormente, verdadeiras referências das novelas reafirmaram seu profissionalismo em trabalhos problemáticos. Tony, Gloria e Fernanda já receberam personagens limitados e roteiros ruins, porém, nunca se rebelaram, tampouco despejaram a frustração na equipe. Mostraram-se ainda mais profissionais e comprometidos até o último capítulo.

Alguns atores de ‘Vai que Cola’ precisam de um choque de realidade. Além do comportamento tóxico, apresentam atuações caricaturais. Parecem não ter outro registro senão o popularesco. O problema não é, definitivamente, o roteiro. Talvez acordem quando despencarem do pedestal. Cedo ou tarde, vai acontecer.

 

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