O Fluminense entrou em campo ciente do que fazer: deixar a bola com o Flamengo, se defender bem e apostar na velocidade de seus homens de frente. Estratégia simples e até mesmo óbvia, mas que deu muito certo diante de um adversário que em momento algum deu a entender que a superioridade técnica seria revertida em organização, principalmente no setor ofensivo. Os 65% de posse de bola só enganam quem não viu o jogo do Maracanã.
Sem Gabriel e Pedro, Renato Gaúcho apostou no jovem Vitor Gabriel como centroavante. Não deu certo. Ainda assim, o garoto, inoperante, permaneceu em campo os 90 minutos. Renato apostou novamente também em Andreas como meia, e novamente não deu certo. O belga fica nitidamente desconfortável e não consegue encontrar um espaço que consiga fazer o jogo andar. E essas são apenas duas das escolhas do treinador que deixaram o Flamengo amarrado e facilitaram as ações da defesa tricolor.
Para ser sincero, pouca coisa funcionou no lado rubro-negro do Fla-Flu. Com exceção da sobriedade e eficiência habitual de Rodrigo Caio e das tentativas individuais de Michael, o Flamengo teve muito pouco a se elogiar no clássico. Thiago Maia e Diego não conseguiram dar fluidez na saída de bola, e o time empacava na intermediária ofensiva. Até ali, tinha espaço. A partir dali, faltavam opções.
A atuação do Flamengo lembrou épocas onde o time cercava o adversário, mas castigava pouco. Não à toa, é difícil lembrar uma grande defesa de Marcos Felipe. Apesar dos 65% de posse de bola e das 17 finalizações contra 10 do Fluminense, faria muito mais sentido um placar mais elástico para o Tricolor do que um empate, por exemplo. Nem mesmo no 2 a 1 o Rubro-Negro conseguiu pressionar e dar indícios de que buscaria a igualdade.
O Fluminense, por sua vez, fez com que Diego Alves trabalhasse ainda viu a bola beijar caprichosamente a trave em lance que colocaria 3 a 0 no placar. O Flamengo atacava sem inspiração e deixava buracos na defesa. Renê e Gustavo Henrique protagonizaram lances onde a falta de concentração abriu espaços para John Kenedy e Abel Hernández construírem o resultado.
O Flamengo que empatou jogando mal contra Bragantino, Cuiabá e Athletico-PR e venceu o Fortaleza sem convencer, perdeu quase que sem reação o clássico no Maracanã. Péssimo resultado visando a conquista do Brasileirão, mas pior ainda pela performance. O torcedor está preocupado, e não dá para tirar a razão.