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ESPORTES

Chegada de Tite à Gávea pode ser a gota d’água para Gabigol. Mágoas entre os dois continuam. Por Copa e por xingamentos

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Foi o maior desrespeito que Tite recebeu de um jogador.

Era o dia 13 de novembro do ano passado.

Enquanto o treinador estava com a seleção brasileira na concentração, na Itália, o time do Flamengo desfilava pelas ruas do Rio de Janeiro, em um trio elétrico.

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O mais empolgado, mostrando as taças da Copa do Brasil e da Libertadores, era Gabigol.

Ele foi o grande injustiçado do Mundial do Catar.

Vivia ótima fase técnica. E foi o brasileiro que mais marcou gol entre a Copa da Rússia e o primeiro torneio mundial no continente árabe.

Havia marcado nada menos do que 151 gols.

Neymar, o segundo colocado, fez 87.

A torcida flamenguista, que cercava o trio elétrico, não se conteve. E passou a entoar um coro específico.

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“Tite vá se fo…”

“O Gabigol não precisa de você.”

O atacante não teve dúvida.

Ao ouvir a cantilena, ele começou a “reger” os flamenguistas, com uma batuta imaginária.

O coro cresceu.

O ataque ficou mais intenso quando Gabigol pegou o microfone e foi direto.

“Eu já jogo em uma seleção, cara…!”

Lógico que a cena gravada em vídeo “ganhou” a internet. E chegou até a CBF, a Comissão Técnica. Gabigol estava na lista dos atletas “reservas” que foram convocados para o Catar. Mas, se qualquer um dos nove atacantes se machucasse, ele não seria chamado. Pela grave ofensa a Tite.

O rancor de Gabigol em relação ao treinador tinha fundamento.

Tite não queria outro jogador personalista na Copa. Já tinha Neymar. E Gabigol, na visão da Comissão Técnica do treinador, prendia demais a bola, reclamava com juízes, queria privilégio tático, ou seja, não se preocupava com a recomposição.

Nas poucas vezes que o convocou na preparação para o Mundial do Catar, Tite o escalou como um centroavante fixo. De costas para o gol, entre os zagueiros. Sem liberdade para se movimentar.

Tinha tudo para dar errado. E deu.

Tite ficou bem com a opinião pública, porque chamou o atacante. “Deu chance.” Mas Gabigol sabia que jamais renderia o suficiente para ir à Copa jogando onde Tite o escalava.

Daí o rancor na exibição dos troféus.

O tempo passou, e o inesperado aconteceu, com o fracasso da seleção na segunda Copa sob o comando do treinador, nenhuma equipe europeia se interessou por seu trabalho, como sonhava. E ele está desempregado.

Tite é o treinador que a direção do Flamengo está negociando e quer, de qualquer maneira, à frente do time. Se possível ainda neste ano.

Ou, na pior das hipóteses, em 2024, quando fará uma profunda reformulação no elenco.

Por mais que exista hipocrisia na vida profissional e, principalmente, no futebol, a possibilidade de convivência entre Tite e Gabigol é incômoda.

O atacante recebe salário de R$ 1,6 milhão. Tem contrato até o fim de 2024. Apesar de viver uma fase fraca, a pior desde que chegou à Gávea, havia contatos para a antecipação de renovação. Isso até começarem a negociação com Tite. Eles foram paralisados.

A relação de Gabigol com o vice de futebol Marcos Braz é péssima.

Não se recuperou depois que os dois se xingaram em julho, no Maracanã, no intervalo da partida contra o Fortaleza. O atacante se contundiu por causa de buracos no gramado. E se revoltou com o dirigente, que expôs o time em um campo que estava constrangedor.

O atacante xingou e foi xingado. Ele ficou mais irritado ao ser confirmado no antidoping. Houve nova troca de palavrões. O jogador Gerson separou os dois, antes que houvesse agressões físicas.

Gabigol fez questão de comemorar seu aniversário com uma grande festa, mesmo com o Flamengo em péssimo momento.

E segue preocupado com sua carreira musical, querendo se lançar como cantor.

A triste passagem de Jorge Sampaoli na Gávea terminou com Gabigol na reserva, pouco contribuindo para o time lutar pela Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro.

Aos 27 anos, ele não vale mais os 18 milhões de euros, atuais R$ 95 milhões, que o time pagou pelo jogador à Inter de Milão.

Empresários que negociam com o exterior acreditam que o atacante chegaria, no máximo, a 15 milhões de euros, cerca de R$ 79 milhões. Com sorte, pela fraca temporada.

Por tudo o que Gabigol não fez em 2023, se a direção do Flamengo tiver de escolher entre Tite e o atacante, a expectativa é totalmente diferente daquela de um ano atrás.

A cúpula rubro-negra ficará com o treinador.

Não será surpresa se Gabigol encabeçar a lista de atletas que deixarão a Gávea no próximo ano, quando o elenco será reformulado.

Dispensado por Tite, prioridade da direção, ou por quem assumir.

O desgaste destes últimos cinco anos do atacante está no auge.

A empolgação e a admiração mútuas nunca estiveram tão baixas.

Contratar Tite pode ser a gota d’água…

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