ESPORTES
Ex-São Paulo vê aprendizado no futebol japonês e sonha em jogar por time do coração

Danilo Gomes quase não voltou para casa a tempo de entrar no horário marcado na entrevista com o Terra. O atacante revelado pelo São Paulo teve de tirar uns minutos para tirar fotos e dar autógrafos aos torcedores do Albirex Niigata, do Japão, durante a ida a um banco na cidade de quase 800 mil habitantes.
O episódio mencionado reflete apenas mais um dia na vida do atleta que ganhou o afeto dos japoneses. Mesmo com a demonstração diária de carinho do outro lado do planeta, o jogador de 26 anos ainda mantém vivo o sonho de fazer história no futebol brasileiro, principalmente se for pelo time que torce. Porém, ele faz suspense e não revela de jeito nenhum quem é a equipe que faz o coração bater mais forte.
Penso em voltar ao Brasil, não sei se agora, mas se tiver uma proposta boa de clube grande, lógico que vai depender também do meu desempenho, para eu ir pra algum clube grande eu preciso desempenhar muito. Estou trabalhando para isso e, se tiver uma proposta de um time em destaque no Brasil, com certeza eu vou analisar e pensar para voltar, porque é onde minha família e amigos estão”, afirma.
“Lógico que eu tenho um time em mente, não vou te falar agora, mas é um sonho meu jogar lá. Muita gente pensa na Europa e tudo, é legal, se vier Europa, muito bom. Mas o Brasil também é gostoso de jogar”, completa o atacante.
Antes da ida para o país asiático, Danilo passou por Brasil de Pelotas, Atlético-GO, Cuiabá e Ponte Preta, além do São Paulo. A ida para o Japão não foi fácil. De início, o atacante sofreu com a adaptação dentro de campo. Foi preciso entender as diferenças culturais para destacar-se em campo.
“Eu já fiquei muitos jogos sem jogar, porque não estava adaptado, não estava entendendo o que tinha que fazer. A maior bronca é você ficar sem ir para os jogos, ficar no banco ou nem ser levado para o jogo. Para o jogador de futebol, isso é semelhante a um tapa na cara. Você vai ter que se esforçar para jogar, independente se tem nome ou não, você tem que obedecer”, explica.
Mesmo quando a fase não estava boa, Danilo escapou dos ataques de torcedores. Isso, contudo, não significa que não exista cobrança, principalmente com o Albirex Niigata lutando contra a zona de rebaixamento na J-League.
“No Brasil é um pouco diferente porque quando as coisas começam a ficar feias para o time, para os jogadores, tem atos de vandalismo, como a gente já viu, quando parte para essa ideia já não é bom. Aqui é bem diferente. Tem a cobrança, os torcedores ficam revoltados, cobram bastante depois de um jogo, vão até nas redes sociais e chegam a mandar mensagem, mas não é igual do Brasil. No próximo jogo, os caras estão lá para apoiar e incentivar, como se tivesse esquecido do passado. Isso é bom, a cada partida, a gente ganha um gás a mais, por mais que a gente esteja sob pressão”, destaca o camisa 11.
Além da mudança de entendimento dentro de campo, Danilo sente que evoluiu no futebol japonês. Nesta temporada, são três gols e uma assistência em 18 jogos. O bom ano, porém, foi interrompido com uma lesão ligamentar no joelho direito.
“A posição de ponta exige muito a marcação, tem que voltar bastante, tem que cumprir, ainda mais aqui no Japão, onde eles gostam de fazer a tática corretamente, eu tenho que voltar um pouquinho mais. Tenho que ajudar um pouco mais o lateral. Isso meio que dificulta um pouco até na hora de fazer um gol, porque para defender você precisa ficar nessa posição mais aberta para atacar também, então quando você vai entrando já fica muito longe do gol, eu fico muito aberto”, detalha sobre o posicionamento.
Fora das quatro linhas, o ponta revelado pelo São Paulo aproveita o tempo livre para conhecer lojas, restaurantes e, claro, a cultura japonesa. Um dos passeios preferidos do jogador envolve a viagem de Niigata para Tóquio.
Na capital japonesa, ele conta com a parceria com um velho e ainda adversário: o goleiro Matheus Vidotto, do Tokyo Verdy. A amizade, aliás, começou em uma brincadeira após um duelo entre eles.
“A gente jogou contra, só que não teve muito tempo pra gente trocar ideia. Um dia eu estava voltando pro Brasil, encontrei com ele e ficamos brincando, porque no dia que a gente jogou contra, meti uma bola na trave e quase foi gol. Ele falou: ‘Pô, se fosse dentro eu ia pegar, não sei o quÊ’. A gente ficou naquela brincadeira. Foi o jeito de a gente se conhecer e hoje somos amigos. Quando penso em Tóquio, penso em chamar ele pra fazer alguma coisa”, completa.
Para levar a vida no Japão, Danilo faz aulas de inglês e, aos poucos, vai aprendendo também japonês com a convivência no dia a dia do país asiático.
