Olhando para trás, o nadador tem a certeza de ter deixado um legado na história do esporte mundial.
– Se alguém dissesse “Daniel, escreve uma carta do que você imagina conquistar na sua carreira”, eu não chegaria nem perto. Eu sonhava alto, mas não chegaria nem perto de tudo que conquistei. Mas para mim há um legado intangível, que é de uma pessoa que tem deficiência se tornar exemplo para uma pessoa sem deficiência – diz, orgulhoso.
Tóquio foi a despedida do Daniel Dias das piscinas. Aos 33 anos, ele é um atleta aposentado, mas já estudou marketing, faz curso de gestão pública. E ao voltar ao brasil, ele ainda precisava cumprir uma promessa que não era sozinho: uma promessa a ser cumprida em família.
– Via meus amigos, primos, pessoas próximas andando de bicicleta e queria andar. Foi um processo longo na minha vida, demorei para aprender a andar, a adaptar a bicicleta e tudo, tanto é que fui conseguir andar e dar as primeiras pedaladas com 12, 13 anos. Hoje levo isso para minha vida: muitas vezes nossos sonhos não vão se realizar tão rápido – declara.
Como atleta profissional, Daniel não queria correr nenhum risco de se machucar e perder tempo de treinamento ou até competições importantes. Mas a cobrança em casa não era só por medalhas.
– Meus filhos sempre falavam, não tinham me visto andar de bicicleta e antes de ir para Tóquio, acabei comprando uma bicicleta e falei: “Quando papai chegar, a gente vai andar junto”. Ficou a promessa. Sei que é uma coisa muito simples, mas são coisas que sei que vão fazer uma grande diferença na vida deles. Essas pequenas memórias de grandes momentos que a gente vai poder viver juntos – conclui Daniel.