Ao tempo em que o Ministério da Fazenda estipula o valor de R$ 30 milhões para legalizar cada uma das casas de apostas esportivas que atuam no Brasil, saiu uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas que nos remete a uma reflexão sobre a credibilidade do esporte, especialmente do futebol.
No item mais inquietante do levantamento, o Paraná Pesquisas quis saber se há a “percepção de que está ocorrendo a manipulação dos resultados, com objetivo de favorecer grupos de apostadores”.
A conclusão, para 63,9% das pessoas, é que sim. Apenas 36,1% acham que não. Olhando exclusivamente para o público masculino, predominante no mundo do futebol, os números são ainda mais impressionantes: 68,5% dos homens entrevistados consideram que há manipulação dos resultados.
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A pesquisa entrevistou 1.500 pessoas, em 26 estados e no Distrito Federal, entre os dias 15 e 18 de março de 2023. O grau de confiança atinge 95% e a margem de erro é de 3,4 pontos percentuais.
Os dados revelados pelo levantamento são aterrorizantes, considerando-se que o futebol é uma atividade que movimenta globalmente cerca de 300 bilhões de dólares por ano (mais de R$ 1,5 trilhão), e – enquanto atividade econômica e esportiva – está vendo a sua credibilidade desmoronar.
As denúncias envolvendo tentativas e suspeitas de suborno a jogadores de futebol, para que os resultados favoreceram apostadores, ratificam a desconfiança dos torcedores. Como assistir a uma partida cujo resultado não depende exclusivamente da qualidade técnica e do empenho dos jogadores? Como torcer para um clube no qual não se confia?
Difícil calcular o tamanho do impacto que essa perda de credibilidade trará ao mundo do futebol.
Pode ser o começo do fim.
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