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Problema da seleção de Diniz é mau futebol, não a derrota para o Uruguai
O Brasil demorou mais de 60 minutos para conseguir uma finalização na partida contra o Uruguai. Essa informação por si só já seria suficiente para ratificar o pobre desempenho da seleção em Montevidéu. O duelo que tanto prometia entre Fernando Diniz e Marcelo Bielsa entregou pouco, principalmente em termos ofensivos, com vantagem para o treinador argentino, mais contundente em seu plano de jogo e merecidamente vencedor.
Somente aos 41 minutos saiu a única finalização do primeiro tempo: gol de cabeça de Darwin Nuñez, após Maxi Araújo passar por Marquinhos no lado esquerdo. Nem mesmo Gabriel Jesus, titular no lugar de Richarlison, foi capaz de melhorar a dinâmica de ataque em relação ao empate com o Equador. Rodrygo e Vini Jr. perderam a maioria das jogadas individuais. Neymar, bastante recuado, não conseguia se conectar com os atacantes.
Para piorar, o camisa 10 saiu machucado, com suspeita de grave lesão no joelho, antes do intervalo. O Uruguai ampliou o placar com De la Cruz no segundo tempo. Do lado brasileiro, que finalizou apenas duas vezes em toda a partida, a melhor chance veio em cobrança de falta de Rodrygo, que acertou o travessão.
Assim, o Brasil perdeu uma invencibilidade de 37 jogos nas Eliminatórias. Desde 2001, a seleção não era derrotada pelos uruguaios. Foi o primeiro revés por mais de um gol para a Celeste em 40 anos. Em sete jogos em 2023, são três derrotas e um empate, menos de 50% de aproveitamento.
O desempenho ruim após a Copa do Mundo não está só na conta de Diniz, que assumiu o comando em julho e sofreu sua primeira derrota em quatro encontros oficiais. Porém, chama a atenção que o bom futebol esperado com o novo treinador tenha aparecido somente na estreia, em goleada contra a Bolívia.
Problema da seleção de Diniz é jogar mal, não necessariamente perder para o Uruguai ou empatar com a Venezuela, que goleou o Chile nesta rodada. Em experiências por clubes, o técnico costumava ser criticado pelos resultados aquém da qualidade apresentada pelas equipes que dirigia, à exceção do Fluminense, finalista da Libertadores.
Com trajetória incipiente na seleção, o treinador tem capacidade para arrumar o time, mesmo que não possa contar com Neymar. Seus trabalhos tendem a evoluir com o tempo. Mas os próximos compromissos pelas Eliminatórias ligam sinal de alerta: Colômbia, fora de casa, e Argentina, atual campeã do mundo, no Maracanã. As digitais de Diniz, que brotaram tão rápido quanto se dissiparam, precisam reaparecer em uma equipe que se mostra cada vez mais apagada.