ESPORTES
Quem ficou pelo caminho no ciclo de Copa do Mundo da seleção brasileira
Ao longo desse ciclo de Copa do Mundo, o técnico Tite fez 20 convocações – uma delas anulada pela pandemia – e chamou 87 jogadores diferentes para a seleção brasileira. Muitos destes chegam neste momento, às vésperas do Mundial, com chances reais de irem ao Catar, mas boa parte ficou pelo caminho por diferentes motivos.
Há aqueles que deram adeus ao sonho de convocação por lesões, casos por exemplo do meio-campista Arthur, que esteve presente em dez convocações e disputou 22 dos 50 jogos da Seleção desde a derrota para a Bélgica, na Copa da Rússia.
Porém, antes mesmo de machucar a coxa esquerda, o jogador do Liverpool já vinha em baixa. Fora da Seleção por mais de um ano, entre o fim de 2020 e março de 2022, Arthur enfrentou problemas físicos, além de obstáculos fora de campo – como acidente de carro, atraso em treino e bronca pública do técnico Massimiliano Allegri, da Juventus.
Lesões também tiraram da Copa o lateral-esquerdo Guilherme Arana, que vinha ganhando espaço desde o ano passado, e o zagueiro Rodrigo Caio, que diversas vezes recebeu elogios públicos de Tite e foi convocado quatro vezes nesse ciclo de Copa (em uma delas ele foi cortado).
O caso mais recente foi o do meia Philippe Coutinho, que nesse fim de semana teve diagnosticada uma lesão muscular na coxa, que também o tirou da Copa.
Mas o mais comum são casos de atletas que não conseguiram manter regularidade ao longo do tempo e viram concorrentes despontarem no grupo da Seleção.
Um caso que ilustra isso é o de Everton Cebolinha, que se destacou na Copa América de 2019 – ganhou vaga na equipe de Tite, terminou artilheiro e integrante da seleção do torneio – e foi titular na reta final do edição de 2021 do torneio. Ele esteve presente logo na primeira lista de Tite depois do Mundial da Rússia e teve oportunidade de jogar em 25 partidas, mas ficou fora até mesmo da lista de 55 jogadores que Tite enviou para a Fifa no dia 21 de outubro.
Ao mesmo tempo em que o hoje jogador do Flamengo caiu de rendimento, outros nome da posição ascenderam, casos de Raphinha, Rodrygo, Martinelli, entre outros.
– Somos privilegiados porque, à medida que eles fazem esse crescimento, há também um processo de evolução da equipe. Essa nova geração se une àquela geração de jogadores mais conhecidos, mais experientes, para formar essa relação de equilíbrio na seleção brasileira – comentou Tite, em entrevista coletiva recente.
– É uma geração que proliferou e teve crescimento nos últimos dois anos de forma acentuada – completou.
Naquela mesma convocação em que Cebolinha teve a primeira chance, para amistosos contra Estados Unidos e El Salvador, Tite também promoveu as estreias do goleiro Hugo Souza e do meio-campista Andreas Pereira, ambos nunca mais chamados.
O goleiro Neto e o zagueiro Dedé foram outros presentes naquela lista que jamais voltaram à Seleção.
Outro caso emblemático de quem ficou pelo caminho na Seleção nesse ciclo de Copa é o meio-campista Allan. O ex-jogador do Vasco e do Everton, da Inglaterra, participou de dez partidas do Brasil entre 2019 e 2020, inclusive na semi e na final da Copa América. Porém, ele esteve fora das últimas nove listas de Tite, se transferiu recentemente para o Al Wahda, dos Emirados Árabes, e não é cotado para ir ao Catar.
Também há diversos atletas que disputaram a última Copa do Mundo, iniciaram o atual ciclo e, pouco a pouco, foram perdendo espaço. São os casos, por exemplo, do lateral-esquerdo Filipe Luís e dos meias Renato Augusto, Willian e Douglas Costa.
Mais de um quarto dos convocados desde o Mundial da Rússia nem sequer entrou em campo. Foram 24 atletas nessa condição, sendo nove goleiros (em negrito): Arthur Cabral, Artur, Cássio, Claudinho, Daniel Fuzato, Danilo, Diego Carlos, Everson, Gabriel Chapecó, Gabriel Brazão, Gabriel Magalhães, Gabriel Menino, Hugo, Ivan, Jorge, Léo Ortiz, Malcom, Marcinho, Matheus Nunes, Phelipe Megiolaro, Rafinha Alcântara, Samir, Santos e Thiago Galhardo.
É improvável que Tite apresente surpresas na convocação final da Copa, mas o técnico não fecha a porta para ninguém:
– A gente faz esse acompanhamento até o dia 7 de novembro. Não gosto de falar, mas é realidade que até há risco de lesão e temos que ter todos eles monitorados para que estejam nas suas melhores condições.
Desde já, porém, o treinador faz questão de valorizar e agradecer aqueles que estiveram com a Seleção ao longo do ciclo, mas não irão à Catar:
– Quando eu era atleta, eu entendia que é do jogo escolher os titulares e os atletas que ficam no banco, mas quero que tenha comigo o mesmo respeito pessoal e o mesmo treinamento, aí eu tinha respeito com o técnico. Eu trago esse legado comigo como técnico. Carlos Alberto Silva foi um exemplo no Guarani. Ele dizia: “respeita o ser humano, depois o profissional pode escolher, é sua atribuição”. O atleta sabe disso. A esses outros que não forem para a Copa, o meu respeito – declarou em entrevista recente, ao “Estadão”.