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Rio Branco à beira do abismo tarifário; subsídio ao transporte público incendeia debate na Câmara

Rio Branco, AC – A Câmara Municipal de Rio Branco se tornou o epicentro de um debate acalorado sobre o futuro do transporte público na capital. Um Projeto de Lei (PL) da Prefeitura, que busca aumentar o subsídio por passageiro de R$ 2,63 para R$ 3,63 à Ricco Transporte, única operadora da cidade, divide opiniões e acende o alerta para um possível aumento tarifário que poderia onerar drasticamente a população.
A proposta, que visa evitar que a tarifa salte para alarmantes R$ 8,00, conforme alertado pelo secretário Especial de Comunicação, Ailton Oliveira, chegou ao Legislativo envolta em polêmica. A ausência de informações detalhadas sobre o impacto orçamentário total da medida nos cofres públicos gerou forte descontentamento entre os vereadores, que clamam por transparência.
O vereador Fábio Araújo (MDB) não poupou críticas à tramitação acelerada do PL, classificando-a como um desrespeito ao Legislativo. “É inadmissível um projeto que fala de subsídio e recursos públicos não trazer nem o impacto orçamentário. A Câmara virou um puxadinho da prefeitura”, disparou Araújo, questionando a postura do presidente da Casa, Joabe Lira (PL). O vereador ressaltou a dependência do sistema de uma única empresa e a falta de dados que permitam uma fiscalização eficaz.
Mesmo integrando a base governista, o vereador Raimundo Neném (PL) cobrou agilidade na licitação para novas operadoras. “Se a licitação tivesse ocorrido no tempo certo, não teríamos esse impasse de subsídio e aumento de tarifas. Queremos que a prefeitura encaminhe essa licitação de forma concreta”, afirmou Neném, defendendo que a concorrência evitaria reajustes e injeções financeiras emergenciais.
Em artigo publicado, o secretário Ailton Oliveira rebateu as críticas, classificando-as como “pobres de fundamentação” e “desprovidas de números reais”. Oliveira contextualizou o debate em uma crise nacional no setor de transporte coletivo, agravada pelo aumento do diesel, que saltou de R$ 3,60 para R$ 7,80 desde o início da gestão do prefeito Tião Bocalom (PL).
Com base em um estudo técnico da tabela GEIPOT, Oliveira argumentou que a tarifa técnica real em Rio Branco ultrapassa R$ 7,79, podendo chegar a R$ 8,00. O subsídio proposto, segundo ele, é uma medida social que beneficia trabalhadores e a população de baixa renda, evitando que o usuário pague a tarifa integral. “Não existe mágica, números são exatos. Se foram pagos milhões em subsídios, é porque esses valores deixaram de sair do bolso direto do usuário”, enfatizou.
A votação do PL ocorre em um cenário complexo, com a licitação para novas empresas paralisada desde 2020 e a Ricco Transporte alegando prejuízos milionários. A decisão da Câmara terá impacto direto no bolso dos cerca de 115 mil passageiros que utilizam o transporte público diariamente em Rio Branco, definindo se a capital acreana evitará um colapso tarifário ou se a população arcará com um custo ainda maior para se locomover.
