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123 Milhas suspende pacotes e emissão de passagens promocionais e deixa clientes revoltados
A 123 Milhas anunciou, nesta sexta-feira (18), a suspensão da sua linha PROMO, que oferece passagens ou pacotes com datas flexíveis. De acordo com a empresa, para clientes que adquiriram esse produto, não serão emitidas passagens com embarque previsto para o período entre setembro e dezembro deste ano. Milhares de passageiros que já haviam pago por suas viagens foram prejudicados pela decisão.
Para os clientes, a empresa afirmou que a suspensão se deve “à persistência de circunstâncias de mercado adversas, alheias à nossa vontade”. A empresa afirma que vai devolver integralmente os valores pagos pelos clientes, em vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI para compras de “quaisquer passagens, hotéis e pacotes na 123 Milhas”. O comunicado pode ser conferido integralmente aqui.
O anúncio pegou muitas famílias que já estavam com as viagens de férias prontas. Entre os clientes frustrados está a engenheira Georgia Lacorte, que havia planejado uma viagem com o marido e os dois filhos, além de um grupo de amigos, para Orlando, na Flórida, em outubro. O casal já havia pagado R$ 5.632 pelas passagens aéreas para quatro pessoas.
Além disso, também já haviam feito pagamentos para hospedagem e os ingressos para os parques da Disney. “Agora temos que decidir se vamos comprar as passagens em cima da hora, por um valor muito mais caro, ou se vamos reagendar a viagem”, conta Georgia, que já está com as férias de outubro agendadas e aprovadas no trabalho.
“Pagamos 100% do valor do aluguel de uma casa. Agora, vamos ver se é possível ter reembolso ou alterar as datas da reserva. Pelo menos, o carro foi alugado, mas não pagamos pela reserva”, diz Georgia, que vai tentar reagendar os ingressos do parque conforme os novos planos da família.
A fisioterapeuta Carolina Reis Flores de Oliveira é outra vítima do caso. “Não tenho nem palavras para descrever a minha decepção. Será que a 123 irá entender o grau do meu problema agora? Se coloquem no meu lugar como cliente. Já paguei aluguel de casa, paguei parques da Disney e Universal, investi dinheiro em dólares e a minha família (marido e filha) já estavam emocionalmente envolvidos com a viagem. Compramos as passagens em outubro de 2022, planejamos tudo com calma, pagamos a empresa à vista as passagens e dá nisso?”, afirma.
Para ela, fica difícil mudar os planos na última hora. “Não tenho como complementar os valores exorbitantes para manter minha viagem no início de outubro deste ano e não sei o que fazer. A 123 afirma que vai liberar um voucher com o valor que pagamos, mas quem irá complementar os mais de R$ 10 mil para emissão das passagens? Estamos em meados de agosto e a viagem é no início de outubro. Se soubéssemos disso antes, obviamente, já teríamos pagado as passagens de forma parcelada e com calma. Enfim, é lamentável e decepcionante. Nem sei o que irei fazer daqui pra frente”, completa.
No site do Reclame Aqui, a 123 Milhas recebeu mais de 20 mil reclamações nos últimos 6 meses, mas o índice de questões respondidas da empresa é superior a 90%. Na conta do Instagram da empresa, os comentários são limitados, impedindo que os clientes frustados se manifestem.
Hurb também passou por crise
O problema vivenciado pela 123 Milhas é parecido com da Hurb, empresa que foi proibida pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) de vender pacotes de viagens flexíveis, por não cumprir os compromissos firmados com os clientes.
Durante a pandemia, quando as viagens de turismo foram paralisadas, essas empresas passaram a vender pacotes de viagens futuras com datas flexíveis e preços convidativos. A ideia era receber o pagamento dos clientes e usar o dinheiro posteriormente para comprar as passagens.
Mas essas companhias de turismo não previram um aumento considerável nos valores das passagens após a pandemia. O dinheiro que as empresas tinham em caixa não foi suficiente para emitir passagens para todos os clientes e muitos acabaram prejudicados – por isso, o grande número de reclamações.