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8 anos depois de acidente, porcas do Rodoanel vivem felizes em santuário

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No dia 25 de agosto de 2015, Cintia Frattini, fundadora do Santuário Terra dos Bichos, localizado em São Roque (SP), estava cozinhando quando ouviu no rádio que um caminhão havia tombado no Rodoanel, na praça de pedágio próxima à Carapicuíba.

O veículo estava a caminho de um abatedouro e viajava há muitas horas com mais de 100 porcos de 300 kg a bordo. O acidente parou o trânsito por todo o dia. Por horas, tentaram levantar o caminhão com retroescavadeira, mas sem sucesso. A cada tentativa, mais porcos se machucavam. Era possível ouvir os gritos dos animais à distância. Cortaram ferragens para liberar alguns e conseguiram um guindaste para pôr o veículo de pé.

O acidente aconteceu em torno das 3h40 da manhã. Às 6h, chegaram ativistas da causa animal para dar assistência aos porcos. Foi nesse momento que alguém ligou para Cintia, que na época tinha um sítio a cerca de 50 km do local. “Eu falei que não ia nem pensar: ‘traz todo mundo’”, diz Cintia (assista ao vídeo da história acima).

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Ela conta que até hoje não se sabe exatamente quantos animais tinham no caminhão, porque estavam sem nota fiscal. Depois, descobriu-se que todas eram fêmeas. “Elas não eram mais comercialmente viáveis para o mercado. Os filhotes nasciam muito fracos e em número menor. Depois de terem sido utilizadas por mais de cinco anos, o ser humano descarta aquele ser que infelizmente usou e abusou durante muitos anos”, conta a fundadora do Terra dos Bichos.

Cintia se refere às porcas matrizes, que são fêmeas criadas para reprodução. Elas dão a luz a ninhadas de porcos que serão criados para o abate e, então, se tornam carne. O mesmo acontece com vacas, cabras e ovelhas.

“Uma boa parte delas estava prenha e muitas com câncer”, diz sobre as 90 porcas que recebeu. A maioria chegou até o sítio com muitos ferimentos, como fratura exposta e coluna quebrada: “Foi traumatizante tanto para elas quanto para nós”. Muitas morreram logo na primeira semana.

Depois, novos porcos resgatados de um abatedouro clandestino de Diadema (SP) chegaram ao santuário e hoje, mais de oito anos depois, são cerca de 20 vivendo lá em conjunto com outros 500 animais de 22 espécies diferentes.

Vivendo felizes

As porcas foram batizadas de Marias e hoje vivem felizes no Terra dos Bichos. “A maioria chegou a mais de 400 kg. Elas estão felizes da vida, velhinhas”, diz Cintia ao explicar que porcas vivem em média 12 anos, mas raramente chegam a essa idade, porque quando atingem 5 ou 6 anos, deixam de servir para a indústria e são abatidos.

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Atualmente elas são brincalhonas, tranquilas, adoram se refrescar na lama. “Ao contrário do que muitos pensam, porcos não gostam de sujeira, a pele deles é muito sensível e a lama serve com protetor solar e repelente”, explica Cintia contando também que eles são seres muito inteligentes, até mais do que cachorros.

Segundo a fundadora do santuário, a foto acima virou o símbolo das Marias e tocou muita gente. “Até hoje eu me emociono, foi a primeira vez que elas viram o sol, foi aqui”, diz ao lembrar que as porcas viveram confinadas por toda a vida.

Para ajudar o santuário

Para sustentar as porcas e os outros animais que vivem no Santuário Terra dos Bichos, Cintia vive de doações, que podem ser feitas por meio da chave pix 25.110.133/0001-41.

“É tudo por elas, por eles, por todos que estão aqui. Eu pessoalmente não tenho vida nenhuma. Eu sou só deles”, finaliza Cintia.

 

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