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Ao descobrir que ianomâmis não conheciam legumes, fiscal do Ibama monta cozinha improvisada: ‘primeira panela de sopa evaporou rápido’

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Atuando na operação de combate ao garimpo na Terra Indígena Yanomami (TIY), o fiscal do Ibama Pedro Emerich percebeu que os indígenas recusavam as doações de legumes para a comunidade. Curioso sobre a situação, descobriu, junto às lideranças, que naquela região os ianomâmis não consomem alimentos como batata, cebola, repolho, cenoura e alho. Então, resolveu apresentar a eles o benefício daquelas comidas, e como eles poderiam cozinhar e comê-las. Na última quarta (8), ele mostrou alimento a alimento e fez um panelão de sopa, o que despertou o interesse de dezenas de indígenas da comunidade do Palimiú.

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— A primeira panela de sopa evaporou rápido— conta Emerich, que esteve em campo na TIY na última semana. — O consumo básico deles, além da caça e pesca, é mandioca, é a fonte de carboidrato principal. Dali fazem tapioca, farinha e outros pratos típicos. Beterraba, se plantar ali, cresce. Mas eles não estão habituados, é uma questão de cultura. Então fiz um fogão improvisado, montei uma mesa e os chamei. Eles são muito curiosos, e disseram que gostaram muito. Enquanto eu fui descascando, muitos vieram juntos fazer o mesmo.

Nos últimos anos, a troca de experiência entre indígenas e não indígenas se baseou, principalmente, nos malefícios levados pelos garimpeiros, desde o desmatamento e a contaminação dos rios até a introdução de bebidas alcoólicas, cigarros e comidas enlatadas. Por isso, Emerich acredita que apresentar uma alternativa de alimentação saudável seria algo positivo para os ianomâmis, que inclusive já consomem, em parte, cestas básicas e comidas de fora da cultura típica, como arroz e feijão.

O vídeo e fotos do panelão, publicados por um colega do Ibama, viralizaram no Twitter. Um resultado que lhe surpreendeu. Ele admite que, entre a maioria de comentários elogiosos houve aqueles que criticaram a atitude de cozinhar um alimento alheio da dieta típica ianomâmi. Mas Emerich diz que seu intuito foi apenas de ajudar, ainda mais num contexto onde a fome é uma realidade.

— Essas pessoas (que criticaram) não percebem que há situação grave de desnutrição. Contei, por exemplo, dos nutrientes que têm nesses legumes, que são bons para crianças que estão com anemia. Não vi problema em apresentar uma alimentação saudável, mostrar que era possível, caso eles quisessem consumir. Meu objetivo foi de apresentar, não de impor.

Os legumes vieram de uma carga apreendida durante a operação, em um barco que levaria suprimentos aos garimpeiros que resistem em deixar a TIY. Fiscal do Ibama há 12 anos, Emerich diz que o boom de garimpo nos últimos tempos fez com que os ianomâmis perdessem um de seus principais alimentos: a pesca, devido à contaminação dos rios por mercúrio.

Enquanto os legumes e outros equipamentos, como fogão e freezer, são doados para os indígenas, os fiscais incineraram lotes de cigarros, bebidas alcóolicas e produtos embutidos ou enlatados, por entenderem que causariam danos aos indígenas.

— Nos afluentes principais eles não conseguem mais consumir peixe — lamenta Emerich.

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