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GERAL

BETS: O novo vício que supera o crack e ameaça a saúde pública da população do Brasil

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Nos últimos anos, o Brasil tem visto uma crescente popularidade das casas de apostas online, que prometem dinheiro fácil em um clique. No entanto, essa “nova” forma de entretenimento está se mostrando mais devastadora do que muitos imaginam, com dados alarmantes apontando que o vício em apostas pode viciar mais do que o crack. A regulamentação dessas plataformas tem sido tratada como uma oportunidade de geração de empregos e arrecadação de impostos, mas a realidade é muito mais sombria.

As casas de apostas operam em um ambiente quase sem regulamentação, e sua presença se espalha rapidamente entre a população, especialmente entre os jovens adultos. Um estudo do Instituto Locomotiva revelou que 46% dos apostadores têm entre 19 e 29 anos, e um terço deles está endividado e com nome sujo. Essa situação é preocupante, pois muitos desses jovens estão sendo atraídos pela promessa ilusória de ganhos rápidos.

Enquanto isso, os centros de tratamento já estão percebendo um aumento na demanda por ajuda a dependentes em jogos. As histórias são tristes: pessoas endividadas até o pescoço, algumas chegando ao extremo de pensar em suicídio devido à pressão financeira causada pelas apostas. Um caso chocante foi o de uma mulher de 22 anos que desviou mais de R$ 179 mil do avô para sustentar seu vício no “Jogo do Tigrinho”. Esses relatos não são exceções; são reflexos de uma sociedade vulnerável e despreparada para lidar com os riscos associados às apostas.

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Os legisladores parecem ignorar essa realidade alarmante. Enquanto discutem a regulamentação das apostas como uma oportunidade econômica, a maconha é vista como o verdadeiro vilão. É irônico ressaltar que um usuário frequente de apostas pode arruinar não apenas sua vida, mas também a vida da sua família — algo que raramente é reconhecido nas discussões políticas.

Com a aprovação da lei das bets, o Estado brasileiro não apenas legalizou as apostas online, mas também assumiu uma responsabilidade moral por suas consequências. Se as chances de enriquecimento fossem reais como prometido nos anúncios, não haveria necessidade de tantas casas oferecendo serviços. As estatísticas são cruéis: entre junho de 2023 e junho de 2024, os apostadores brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões para as casas de apostas.

Diante desse cenário devastador, é essencial que as campanhas informativas sobre os riscos das apostas sejam acompanhadas por ações concretas. A regulamentação deve incluir a destinação dos recursos obtidos com impostos para o Sistema Único de Saúde (SUS), especificamente para o tratamento dos dependentes em jogos. Não se trata de proibir as apostas — algo praticamente impossível — mas sim de criar um sistema que proteja aqueles vulneráveis ao vício.

Enquanto as casas de apostas continuam a lucrar bilhões à custa dos brasileiros mais pobres, é hora da sociedade e do governo reconhecerem essa epidemia silenciosa como uma questão séria de saúde pública. O futuro dos apostadores depende não apenas da regulamentação das bets, mas também da criação de uma rede sólida de apoio para aqueles afetados pelo vício.

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