Adriano ressalta que, ao encontrar sua presa, o candiru usa técnicas para se fixar e, em alguns casos, sua retirada só é possível através de cirurgia.
“Ele pode ser atraído por odores e pode penetrar a uretra, ânus e vagina. Ao entrar no hospedeiro, ele fixa seu corpo através de espinhos que tem em volta da cabeça e também utiliza suas nadadeiras que dificultam sua saída, sendo assim, sua retirada acontece somente em procedimento médico”, explica Adriano
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Candiru tentando entrar no peixe pela nadadeira — Foto: João Cordeiro / Instagram
De acordo com o biólogo Flavio Teressini, os candirus “têm órgãos sensoriais que captam odores dentro da água” e, por isso, “conseguem localizar o cheiro de sangue e matéria em decomposição com grande facilidade”.
Por exemplo, se uma capivara morre dentro do rio, o candiru entra no animal e começa a digeri-la de dentro para fora. Eles se alimentam das vísceras e depois vão para a parte externa.
Casos em humanos
Terassini revelou ao g1 que, em Rondônia, há cerca de 10 casos por ano de penetração do animal em seres humanos.
“[Há] quase um [caso] por mês. É comum acontecer acidentes com seres humanos da penetração da larva do candiru em orifícios de homens e mulheres. Eles podem entrar tanto pelo nariz, ouvido, própria boca, ânus e região genital. A maioria desses acidentes acontece com mulheres, que às vezes vão fazer xixi ou entram nos rios no período menstrual. Daí, eles sentem o odor do sangue e acabam penetrando na região genital”, explicou.
Os biólogos alertam que não é recomendado entrar na água dos rios amazônicos com ferimentos recentes que possam sangrar, não urinar na água e sempre utilizar trajes de banho que cubram os órgãos genitais.
Retirada por cirurgia
Por conta do corpo liso, a entrada do candiru em orifícios pode ser rápida. Porém, para fazer a retirada do animal, é preciso passar por procedimento cirúrgico.
O médico urologista Oadmil Monteiro, que atuava no Hospital João Paulo II, em Porto Velho, diz já ter feito a retirada do peixe em um banhista.
“O paciente disse que estava sem cueca e nadando no Rio Madeira. Ele chegou aqui no hospital relatando muita dor no canal da uretra e sem conseguir urinar. Nós o levamos para o centro cirúrgico e o peixe estava lá”, conta.
Em um passeio com amigos, Wenceslau Ruiz, que é um cirurgião atuante no Hospital João Paulo II, teve contato com o peixe pela primeira vez. Ele conta que o animal lesionou um amigo enquanto eles tomavam banho em um rio.
“[Estávamos] tomando banho na praia do Acácio e, de repente, um deles sentiu uma ferrada nas costas. Quando vi, tinha um peixinho (candiru) de uns 12 centímetros. Segurei ele pelo rabo e puxei. Em poucos minutos já havia um ferimento. Meu colega falou que foi o candiru que fez a lesão”, relembra.
Casos na pesca
João Cordeiro, amante da pesca esportiva e acostumado a pescar no rio Madeira, em Porto Velho, grava seus momentos de lazer e registra cenas inusitadas que encontra.
Em uma das pescarias, ele fisgou um peixe que estava acompanhando por um pirarucu. Na mão, ele mostra o animal que tem cerca de 3 centímetros. O pescador relata o quanto o animal é voraz e “sanguinário”.
“Acabei de pegar uma pirarara e olha o tanto de candiru que ficou no caiaque. Esses são os candirus que entram nas pessoas. Esses entram na uretra, em qualquer buraco que ele achar ele entra. Ele é pequeno, mas é voraz. Ele é atraído por sangue, urina, calor”, conta no vídeo gravado para suas redes sociais.
Montagem candiru — Foto: João Cordeiro / Instagram
Ao g1, João afirma que tamanho não é documento.
“O pessoal tem medo de anaconda, jacaré, mas o candiru, que pode ser do tamanho de uma unha, é bem pior que eles. Ele leva a pessoa para o hospital, aí só na base de cirurgia”, diz.