Caso Benício: Polícia Civil investiga homicídio doloso qualificado por crueldade em Manaus

A Polícia Civil do Amazonas está investigando a morte de Benício Xavier de Freitas, de apenas 6 anos, como homicídio doloso qualificado pela crueldade. A família da criança acusa o Hospital Santa Júlia, localizado no centro de Manaus, de erro na administração de adrenalina intravenosa. Nesta sexta-feira (28), a médica e a técnica de enfermagem responsáveis pelo atendimento de Benício prestaram depoimento no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP).

De acordo com relatos da família, Benício foi levado ao hospital na noite de sábado (23) com sintomas de tosse, febre e suspeita de laringite. A médica Juliana Brasil Santos teria prescrito três doses de adrenalina intravenosa, que foram aplicadas pela técnica de enfermagem Rayssa Bentes. Após a administração da medicação, o quadro de saúde do menino se agravou rapidamente, resultando em seis paradas cardíacas e, infelizmente, seu falecimento às 2h55 de domingo (24).

O delegado Marcelo Martins confirmou que a causa da morte foi overdose de adrenalina, com base nos relatos dos profissionais de saúde envolvidos. Além disso, o delegado ressaltou que a médica teria demorado a prestar socorro à criança, o que pode configurar indiferença diante da gravidade da situação.

Em contrapartida, a defesa da médica alega que houve falhas no sistema do hospital, como erros na dupla checagem e instabilidade no prontuário eletrônico. A técnica de enfermagem, por sua vez, declarou que a prescrição da adrenalina indicava claramente o uso intravenoso, o que contradiz a versão da defesa. Ela também relatou que houve falta de urgência no atendimento médico quando Benício começou a passar mal.

Diante das divergências nos depoimentos, a Polícia Civil planeja realizar uma acareação entre a médica e a técnica de enfermagem para esclarecer os fatos. O delegado Marcelo Martins enfatizou que a investigação também irá apurar a responsabilidade do hospital e de outros profissionais envolvidos no caso, como farmacêuticos e chefes de enfermagem, a fim de determinar se houve negligência ou falha no atendimento que possa ter contribuído para a morte de Benício.