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Com câncer, fazendeira decide doar terras e patrimônio de R$ 40 milhões a fundo sustentável
A fazendeira Gislaine Rosa decidiu que, após sua morte, dará continuidade a um sonho que nutria em vida. Ela doou suas terras, localizadas no sul de Minas Gerais e em Goiás, além de uma quantia em dinheiro para o Fundo Patrimonial Joaquim Rosa Cambraia, que leva o nome de seu pai, e será gerido pela Gaia Legado, gestora de fundos patrimoniais de impacto do Grupo Gaia. O valor total do patrimônio chega a R$ 40 milhões.
A história foi contada pelo jornal O Globo, que conversou com a proprietária de terras do leito de seu quarto no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde trata um câncer.
Gislaine tornou-se fazendeira meio que por acidente, depois que a Fazenda Pinheiros acabou indo parar em suas mãos, após sucessivas perdas familiares. À frente da administração das terras, ela encontrou, através das redes sociais, o trabalho de João Paulo Pacífico, CEO do Gupo Gaia.
Gislaine viu uma publicação de João sobre agricultura sustentável. Ela decidiu, então, que iriá contratá-lo para transformar a sua fazenda. Tentou, por diversas vezes, abordá-lo nas redes, mas as mensagens nunca eram respondidas, se perdendo em meio a tantas que o influenciador de sustentabilidade recebia.
Quando, por meio de uma amiga, finalmente conseguiu o contato pessoal de João, Gislaine foi direto ao ponto: “João, eu tenho uma área de 1.500 hectares. Gostaria que a Gaia ou você fossem meus ‘herdeiros’, meus parceiros para transformar a fazenda. Ou sua orientação, como posso fazer uma parceria. Podemos inclusive trazer agricultores para fazermos uma fazenda modelo sócio econômico com eles”, escreveu na mensagem.
Os dois começaram a se comunicar em julho deste ano, iniciando o planejamento do que seria a nova fase da Fazenda Pinheiros. A ideia é que a produção passe a adotar o sistema agroflorestal de cultivo, com agricultores familiares trabalhando coletivamente. Atualmente, na fazenda é plantada soja e milho e cria-se gado.
Depois de iniciarem as tratativas, porém, Gislaine descobriu um câncer em estágio avançado. “Sempre tive vontade de compartilhar, de dividir. Estou muito emocionada, com uma alegria e uma paz imensa de saber que a plantação vai ser orgânica, que as águas serão preservadas, que vai ter escola para as crianças, quem sabe um posto de saúde, uma capelinha”, disse ao jornal.