GERAL
Denúncia expõe descaso estrutural no IML e falta de insumos para médicos legistas
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem identificado como Ociano denunciando a falta de equipamentos de proteção para a realização de exames cadavéricos no Instituto Médico Legal (IML). O vídeo, amplamente divulgado, tinha como objetivo expor a escassez de materiais básicos para o trabalho dos médicos legistas e evidenciar o impacto dessa carência na população.
No caso específico mostrado na gravação, um corpo que deveria ser examinado ficaria mais de 24 horas no IML devido à falta de um avental. Além de ressaltar a ausência de insumos essenciais, o cenário escolhido para a filmagem evidencia o abandono da instituição, refletido na precariedade estrutural do prédio.
Vinculação política da estrutura do prédio
Internautas apontaram que a cor da pintura de uma das paredes ao fundo do vídeo remete ao governo de Arnóbio Marques (Binho), que administrou o estado entre 2007 e 2010. Se a pintura realmente for dessa época, há duas possibilidades: ou a tinta utilizada naquela gestão era de alta qualidade e não houve necessidade de repintura desde então, ou o abandono do prédio é alarmante.
Vistorias confirmam degradação estrutural
Esta reportagem esteve no IML e constatou que, na parte dos fundos do prédio, as paredes ainda preservam as cores da gestão da Frente Popular, sem qualquer revitalização significativa desde então. De acordo com servidores, eventuais manutenções são limitadas à recepção, enquanto outras áreas do prédio seguem deterioradas.
Além das questões estéticas, a estrutura apresenta riscos à segurança de funcionários e usuários. Apurou-se que a caixa d’água do IML, responsável pelo abastecimento das torneiras da instituição, não recebe limpeza há anos e apresenta rachaduras, correndo risco de desabamento sobre as salas administrativas.
Ministério Público cobra providências
O Ministério Público tem acompanhado a situação do IML e já solicitou esclarecimentos sobre as condições precárias da unidade. Em diversas ações e vistorias, a instituição tem ressaltado a necessidade urgente de reformas estruturais e investimentos para garantir condições adequadas de trabalho aos profissionais e um atendimento digno à população.
Casos semelhantes já foram alvo de ações civis públicas em outros estados. Relatórios técnicos do próprio MP reforçam a necessidade de intervenção imediata para evitar um colapso na prestação do serviço público forense.
O internauta que fez a denúncia nas redes sociais prestou um excelente serviço ao cobrar providências. Seu ato deveria ser reconhecido como um mérito na defesa da Justiça.
O abandono do IML evidencia não apenas um problema administrativo, mas um descaso com a saúde pública e a perícia criminal, setores fundamentais para o funcionamento da Justiça.