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Dia da Visibilidade Trans: Preconceito e falta de oportunidades marcam realidade de pessoas trans no mercado de trabalho

O Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro, expõe a dura realidade enfrentada por pessoas trans no mercado de trabalho brasileiro. Bruna Valeska, demitida há mais de um ano de um emprego em uma perfumaria por transfobia, ilustra essa situação. A demissão, além de injusta, resultou na perda do emprego e na falta de pagamento da rescisão, dificultando ainda mais sua reinserção no mercado formal.
Bruna relata que a prática de contratação temporária de pessoas trans para “garantir o selo de empresa inclusiva” é comum, sem oferecer oportunidades reais de crescimento e remuneração justa. Sua experiência reflete a discriminação sistemática sofrida por muitas pessoas trans, que enfrentam rejeição, preconceito e falta de oportunidades, mesmo possuindo qualificação profissional.
A trajetória de Bruna, marcada pela rejeição familiar, abandono da universidade e períodos em situação de rua, demonstra as múltiplas barreiras enfrentadas por essa população. Apesar das dificuldades, ela buscou qualificação profissional, acumulando cinco anos de experiência registrada em carteira, mas ainda assim relata tratamento desigual e falta de oportunidades de crescimento em relação a colegas cisgênero.
A desigualdade salarial e a falta de oportunidades de progressão na carreira são apontadas por Bruna como problemas recorrentes. Empresas que se dizem inclusivas, muitas vezes, aplicam critérios mais rigorosos para pessoas trans, exigindo padrões de beleza e formação que não são aplicados a outros funcionários que desempenham as mesmas funções.
Em busca de alternativas, Bruna trabalha na internet e estuda estética e beleza, esperando por uma oportunidade formal que reconheça seu conhecimento e experiência. Seu desejo de retornar ao mercado de trabalho formal e a necessidade de oportunidades para pessoas trans com mais de 35 anos refletem a urgência de políticas públicas e ações efetivas de inclusão.
Como alternativa, iniciativas como a “Roda de Empregabilidade”, promovida pelo Instituto Rede Incluir no Rio de Janeiro, oferecem vagas e orientação profissional para pessoas trans. No entanto, o coordenador do instituto, Nélio Georgini, destaca que a questão vai além da oferta de vagas, necessitando de reconhecimento profissional e combate ao preconceito estrutural. Ele aponta o retrocesso em políticas de diversidade e inclusão em algumas empresas globais como um sinal de alerta, reforçando a necessidade de empresas brasileiras se posicionarem ativamente pela inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, não apenas em momentos de apelo popular, mas também em contextos de dificuldade política.
