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‘É um descalabro’: Silvio Almeida nega assédio a Anielle Franco em 1ª entrevista após episódio

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Ex-ministro Silvio Almeida foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado após denúncias de assédio Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil / Estadão

O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida negou as acusações de importunação sexual feitas pela ministra Anielle Franco em primeira entrevista cinco meses após o episódio. Nesta quarta-feira, 25, ele vai prestar depoimento sobre o caso na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília.

Ao UOL, Silvio disse que ficou todo esse tempo em silêncio porque “precisava entender o que estava acontecendo, cuidar da família, da saúde e ser abraçado pelos amigos”. Ele também afirmou que “não havia disposição para que fosse ouvido”, mas que chegou a hora de começar a falar sobre o assunto.

Segundo o ex-ministro, ele a Anielle Franco não conviveram durante a transição de governo, período em que ela afirmou à revista Veja que começou a importunação sexual. Silvio disse que só tem lembranças de ter encontrado a ministra em duas ocasiões.

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Ele também negou ter feito sussurros eróticos e passado a mão nas pernas de Anielle por baixo da mesa em uma reunião em Brasília. “Imagine uma reunião em que estão dois ministros. Eu, sentado, na lateral da mesa; a ministra sentada na ponta, outras pessoas sentadas, o presidente da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], e logo na minha frente o diretor geral da Polícia Federal. Eu passaria a mão nas pernas de uma ministra numa reunião na frente do diretor geral da PF? Isso é um descalabro”, declarou ao UOL.

Silvio relatou que essa reunião em Brasília foi para falar sobre casos de racismo nos aeroportos, que ele e a ministra tinham visões diferentes de como tratar a questão e que ela foi desrespeitosa com ele. “Comecei a dar opiniões e, em determinado momento, ela pega meu braço e fala mais ou menos assim: ‘Em todo lugar você quer dar aula. Aqui não é lugar de dar aula’. Eu me calei. Tinha outro compromisso e saí da reunião. Minha secretária executiva acompanhou o restante.”

“Ela fingia ter comigo uma intimidade que nunca teve, falando comigo daquele jeito. Achei inadequado e eu dei uma determinação no ministério: ‘Só vamos falar de questões relacionadas à política de igualdade racial dentro dos limites da competência do Ministério dos Direitos Humanos. Não vamos nos meter nas políticas de promoção da igualdade racial'”, acrescentou.

Além de Anielle, Silvio foi acusado por uma professora de ter apalpado ela por baixo da mesa. Sobre esse caso, o ex-ministro afirmou que ficou surpreso porque eles foram amigos durante anos. Uma ex-aluna também relatou ao Fantástico, da TV Globo, que foi assediada após uma prova. A respeito disso, Silvio respondeu: “Dou aula há 20 anos. Tive, aproximadamente, 40 mil alunos. Metade disso são mulheres. Em todas as universidades que passei, isso está dito de maneira oficial, nunca tive nenhum tipo de acusação”.

Questionado sobre por que essas mulheres mentiriram, o ex-ministro disse que não sabe o motivo. “Não tenho como estar na cabeça delas. O que posso dizer é que não fiz isso. Não sei por que as pessoas mentem. E quem mente tem responsabilidade.”

Sobre Anielle, Silvio afirmou que acredita que ela caiu em uma armadilha. “A falta de compreensão de como funciona a política –a armadilha em que eu caí também. Não prestei atenção em coisas em que deveria ter prestado mais atenção. Ela, da mesma forma. Ela se perdeu num personagem. Para tentar me desgastar, ela participou desse espalhamento de fofocas e intrigas sobre mim. O objetivo talvez fosse minar minha credibilidade, tirar meu espaço em certos círculos da elite carioca, da academia, com pessoas ligadas ao sistema de justiça. Me queimar”, considerou.

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“Essa fofoca se tornou objeto de interesse do jornalismo. Isso se tornou um caso de interesse das autoridades policiais. E foi hipotecada uma crise enorme para o governo. Ela perdeu o controle da narrativa. Diante do tamanho da crise, sobraram para ela duas opções. Ou ela dizia que não aconteceu; ou dobrava a aposta na história inverídica, destruindo políticas importantes, a minha vida pessoal e da minha família. Ela escolheu o caminho da destruição”, completou.

Silvio também afirmou que não vai pedir desculpas às mulheres. “Não vou pedir desculpas se não fiz nada de errado. Não há conforto na injustiça.”

Em nota enviada ao Terra, a ministra Anielle Franco afirmou que é “inaceitável” a “tentativa de descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizar suas dores e transformar relatos graves em ‘fofocas’ e ‘brigas políticas'”.

“Na véspera de prestar depoimento à Polícia Federal como investigado, o acusado escolheu utilizar um espaço público para atacar e desqualificar as denúncias, adotando uma postura que perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas. O direito à defesa é assegurado, mas não pode ser usado como instrumento de desinformação e revitimização. Insinuar retaliações descabidas contra quem denuncia é uma estratégia repulsiva que reforça estruturas de silenciamento e impunidade”, disse ainda.

“Importunação sexual não é questão política, é crime. Sendo assim, reitero minha confiança na seriedade das investigações conduzidas pela Polícia Federal e reforço meu compromisso com a defesa das vítimas e o combate à violência de gênero”, finalizou o comunicado da ministra.

 

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