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GERAL

Ela descobriu que tinha HIV após hemorragia: ‘Achei que era menstruação’

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“Eu nunca me envergonhei de ser soropositivo”, conta a influenciadora em entrevista ao Terra Você. “O vírus não me faz inferior a ninguém”, ressalta, comentando sobre as mensagens de ódio que recebe em seu perfil, muitas delas dizendo que Jéssica está “romantizando” um assunto sério – críticas que a própria influenciadora classifica como sorofobia.

“Já senti muito preconceito, principalmente com relação à publicidade. Quando eu ofereço meu trabalho, dizem que não estão fazendo propagandas no momento, depois eu vejo outra pessoa fazendo”, confessa Jéssica. Nem seus quase 50 mil seguidores são capazes de driblar os estigmas do HIV.

Primeira suspeita: leucemia

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Jéssica descobriu o vírus aos 30 anos, em 2021. Ela estava com uma hemorragia intensa que, a principio, achava que era menstruação desregulada. Depois de um período foi internada e os médicos começaram a investigar a causa dos sangramentos. Moradora de Além Paraíba, no interior de Minas Gerais, foi encaminhada para outra cidade, com suspeita de leucemia.

“Após um mês internada fui me recuperando, melhorei a anemia e descobri que os médicos ainda não tinham feito investigação de ISTs. Solicitei o exame de HIV e receber o diagnóstico foi um choque”, relembra. Na época mãe de duas meninas, Jéssica se deu conta de que aquilo não era uma sentença de morte. “Precisava me cuidar”.

Mãe outra vez

Depois de receber o exame, Jess tratou de lidar de maneira positiva com o vírus. “Eu desconfio sim, de como eu contraí o vírus, mas isso não é algo que vai mudar a vida, então eu foco na minha saúde”, conta. Com o diagnóstico em mãos, conversou com antigos parceiros e nenhum deles havia contraído a doença.

Na época da descoberta, Jéssica já era mãe de duas meninas: Isabela, de 11 anos, e Isadora, de 14. Ela já aborda e trata do assunto com as meninas, que estão conscientes dos riscos do vírus e da condição materna.

Além de Isadora e Isabela, Jéssica também é mãe de Maria Eduarda, de 11 meses, e está grávida de 5 meses da quarta filha. Nenhumas delas é soropositiva como a mãe, uma vez que, graças ao tratamento para controle do vírus fornecido gratuitamente pelo SUS, Jess é indetectável e não transmite mais a doença.

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“A gestação da Maria Eduarda foi como qualquer outra. A diferença é que eu faço mais exames para controle da carga viral e da imunidade”, detalha. Além disso, seguindo recomendações médicas, Jéssica não amamentou a terceira filha e também não poderá amamentar a quarta para inibir os riscos de contaminação.

Assim como o tratamento antirretoviral, o SUS também oferece fórmulas de alimentação para os recém-nascidos que não podem ser amamentados pelas mães.

O que Jéssica espera para o futuro, porém, é continuar espalhando mensagens para desmistificar a doença. Sempre de maneira positiva. “Eu falo para as pessoas que me seguem que existe vida, e esse é o maior presente que temos. Viva a sua vida sem pensar no que as pessoas pensam e não tente agradar todo mundo, porque isso é impossível”, finaliza.

HIV atualmente

A estimativa é que existam cerca de um milhão de pessoas vivendo com HIV no Brasil atualmente. Desse total, 650 mil são homens e 350 mil, mulheres. Segundo o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, porém, o problema é que apenas 86% das mulheres possuem diagnóstico versus 92% dos homens.

Outro dado mostra que, enquanto 82% desses homens detectados fazem terapia antirretroviral, apenas 79% das mulheres fazem tratamento. Por conta do preconceito, é comum que mulheres com HIV não busquem tratamento ou não se informem sobre seus direitos e possibilidades.

O Unaids, programa da Organização das Nações Unidas para HIV/Aids, criou uma meta para acabar com a Aids em 2030. É o programa 95-95-95: se todo país tiver 95% de seus residentes com HIV diagnosticados, 95% dessas pessoas em tratamento e 95% delas com a carga viral controlada, será possível acabar com a Aids em 2030.

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, o país possui, respectivamente, 90%, 81% e 95%, o que demonstra a necessidade de mais testagem e, principalmente, maior acesso das pessoas diagnosticadas com HIV ao tratamento, e de forma consistente.

 

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