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Em vídeo, mãe de autista mostra como ele chega da escola após sofrer bullying de ‘colegas’
Indignada por presenciar todos os dias o filho chegando sujo ou machucado da escola, Rosângela Souza, resolveu usar suas redes sociais para desabafar o que tem ocorrido de forma corriqueira com sua criança que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Na postagem, a mãe relata que o vídeo foi gravado por ela, no momento em que o menino chega da escola, e é uma das muitas situações que ele enfrenta todos os dias na escola Pedro Martinello, localizada no bairro Montanhês.
Rosângela relata que, além das agressões físicas, seu filho sofre também agressões psicológicas pelos ‘colegas’ de sala que o chamam de “doido” e “retardado”. A mãe também conta que na situação gravada por ela a criança ainda pediu para que não jogassem corretor nele, o que foi em vão.
A mãe diz ainda que fizeram de propósito pelo simples fato do filho ser autista. “Ele não pediu pra ser assim”, desabafa no texto postado no seu Facebook, onde pede para que os pais eduquem seus filhos para respeitarem crianças especiais. “Meu coração sangrou hoje, me senti impotente, indignada”.
A reportagem entrou em contato com a mãe do aluno, que informou que o filho tem 12 anos e que já buscou a escola. “Eles falaram que já procuram alunos que fizeram isso e que pais deles seriam chamados. Mas com relação ao comportamento dos outros alunos é um caso complicado, pois a mediadora não pode ficar com ele tempo todo na escola e é nesses horários de intervalos que acabam fazendo esse tipo coisa como o chamarem de doido e excluírem ele das brincadeiras”, conta a mãe.
À equipe ela disse ainda que no dia do vídeo a mediadora não havia ido trabalhar, por estar doente. “Acho que só vão fazer algo pela visibilidade do vídeo, porque se não fosse ia continuar, pois ele comenta que todos dias fazem isso. A mediadora é uma pessoa maravilhosa, todas as vezes que procurei ela sempre esteve pronta para solucionar qualquer problema. Agora direção falaram ia resolver chamar pais dos alunos responsáveis por jogarem corretor nele. Só não gostei de falarem que meu filho poderia estar imaginando que os coleguinhas estariam fazendo bullying com ele. Pois até então já tinham resolvido esta questão na escola. Ainda me falaram para não expor ele dessa forma, mas se eu não fizer isso da próxima vez vai ser o quê? ”, questiona a mãe.
A mãe não se limitou em deixar claro o quanto o filho é inteligente. “Ele ama astronomia, desenha constelação, sabe de todas as fases lua, quando vai ter eclipse, chuva meteoro, que qualquer um fica de queixo caído. Ele desenha muito bem, faz caminhão com papelão e cola que gente fica admirado. Meu filho não é doido e sim muito inteligente, mas isso eles ainda não conseguem ver”, diz.
A reportagem entrou em contato com a gestora da escola, que informou está de atestado médico e passou o contato da coordenadora de ensino, Elizângela Cristina, que explicou que o fato ocorrido no dia em questão não foi dentro da escola, mas no retorno para casa. E sobre o bullying que a mãe relata assim tomaram as devidas providências.
“O aluno tem mediadora e é uma ótima mediadora que o acompanha. Como escola já averiguei a situação e identifiquei os alunos que praticaram o ato de terem sujado ele e já convoquei os pais. Com relação ao bullying, que não foi quem pintou ele, são situações isoladas e não tem nada a ver uma coisa com a outra, são pessoas diferente e situações diferentes. Os xingamentos foram com os colegas da sala e já identifiquei e entramos em contato com os responsáveis, fizemos a convocação e tomamos as providências que a escola costuma tomar: que é conversar muito com o aluno. Convocamos os pais e a gente orienta a sala para que não volte a praticar, uma prática que, infelizmente, foge do controle, muitas vezes da escola, mas é assim que agimos quando identificamos situações como essa (SIC)”, explicou a coordenadora.
Elizângela disse ainda que conversou com a mãe ontem à tarde (quinta-feira, 28) e que explicou as providências que serão tomadas mediante o caso. “A gente espera que não se repita e esperamos que não volte a acontecer. Mas qualquer coisa, nós vamos redobrar a atenção com relação a esse aluno que tem mediadora, embora muitos não tenham, mas esse tem. Então como ele tem fica muito mais fácil da gente ficar mais atento a situação dele para não acontecer com ele e nem com nenhum aluno da escola (SIC)”, disse.
A equipe do Na Hora da Notícia também buscou contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes (SEE) para saber se o órgão dispõe de alguma orientação às escolas sobre casos como esse, mas não obteve resposta.