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Engasgo pode ser fatal; entenda como ele ocorre e medidas para evitá-lo

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Engasgo pode ser fatal; saiba como evitá-los e os primeiros socorrosImagem: iStock

Quem já engasgou ou presenciou alguém com a garganta entalada por algum corpo estranho sabe como essa situação é desesperadora. Além de provocar tosse intensa, impedir a fala, há uma dificuldade para respirar que, se for severa, pode fazer com que a pessoa, em pânico, se acidente e, por falta de oxigênio, tenha uma parada respiratória, desmaie e até morra.

Casos menos dramáticos deixam a recordação do susto e, eventualmente, desconfortos e sequelas.

Entre os alimentos facilitadores desse evento súbito aparecem: farofa, espinhas de peixe, apimentados ou condimentados demais, com sementes, em grãos, líquidos, balas, crocantes, mas mesmo grandes pedaços moles e pegajosos (carne, pão, queijo), particularmente fáceis de engolir antes de serem mastigados.

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Comprimidos ingeridos sem água e, em se tratando de crianças pequenas, leite materno, moedas e pecinhas de brinquedos também entram na lista.

Tem mais. Falar e beber enquanto come, mascar chiclete, engarfar alimentos muito quentes ou uma variedade deles com texturas diversas, ainda mais em posição deitada, recostada ou com muita pressa, contribui para o que desce goela abaixo “erre o caminho”.

Para piorar, também se por questões fisiológicas ou patológicas a entrada da faringe (ao fundo da boca), for muito estreita e a parte de trás do céu da boca (palato mole) enfraquecida e aumentada.

Engasgo pode ser por doença

Criança, bebê comendo brinquedo, sufocamento, engasgo - iStock - iStock
Crianças podem engasgar com pecinhas pequenas de brinquedo. Imagem: iStock

Engasgos ocorrem devido a hábitos errados, aspiração ou engolimento acidental (incluindo de saliva e fumaça), mas também em decorrência de problemas gastrointestinais, respiratórios e neurológicos, principalmente quando muito frequentes.

Nas duas primeiras circunstâncias, destacam-se o refluxo gastroesofágico e síndrome da apneia obstrutiva do sono, aponta Vitor Madeiro, gastroenterologista do Hospital Memorial São José, em Recife.

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“Em ambas, envolve lesão na mucosa da faringe. No caso do refluxo gastroesofágico constante advém do efeito abrasivo do suco gástrico e seu conteúdo ácido. Na apneia, as fortes vibrações dos roncos, em todo o sono, causam inchaço na faringe e a respiração a resseca e lesiona, o que dificulta deglutição e facilita engasgos”, explica Madeiro, apontando obesidade, desvios de septo e alterações anatômicas faríngeas como fatores para a apneia.

Em se tratando de causa neurológica, um AVC (acidente vascular cerebral), por exemplo, provoca descompasso da epiglote (estrutura detrás da língua que interrompe a ligação entre as vias digestiva e respiratória durante a deglutição), provocando o engasgo.

A disfunção da deglutição, frequentemente sentida como dificuldade para engolir, é chamada de disfagia, que ainda pode ter relação com envelhecimento, transtornos, escleroses e doenças da mucosa.

Perfurações, asfixia e pneumonia

Manobra de Heimlich - iStock - iStock
Manobra de Heimlich pode ser feita para ajudar alguém que está engasgando. Imagem: iStock

A sigla médica para engasgo é OVACE (obstrução das vias aéreas por corpo estranho). Algo inadvertidamente pode descer a faringe e se entalar em áreas estreitas e membranosas do canal, predispondo tosse, mas ainda queimaduras e perfurações.

O engasgo parcial é menos crítico, a não ser que um corpo pontiagudo esteja presente. Diferente do completo, que ainda impede a passagem de líquidos, sólidos e secreções orais e causa necrose e sufocamento.

“Em casos mais extremos, se não forem tomadas algumas medidas rápidas para reverter o interrompimento da passagem do ar por engasgo, é necessária uma traqueostomia, mas esse procedimento [que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de um pequeno tubo para a entrada de ar] deve ser realizado por profissional habilitado”, alerta Marcos Moura, dentista e membro da ABHA (Associação Brasileira de Halitose), de Maceió.

Se resíduos alimentares, até mesmo um restinho de enxaguante, entrar na laringe, que tem por função proteger as vias áreas inferiores, e mesmo com o reflexo de desobstrução decorrente do engasgo atravessar a traqueia e alcançar os pulmões, o resultado pode ser igualmente sério.

A aspiração pode gerar pneumonia, bronquite e, se recorrente, uma doença respiratória crônica. Engasgar demais também enfraquece e descoordena os músculos usados para engolir.

Evitando desfechos fatais

Socorro, socorrendo bebê engasgado, engasgo, manobra de Heimlich - iStock - iStock
Socorro a bebê engasgado deve ser com tapinhas nas costas.  Imagem: iStock

Engasgos, na maioria das vezes, cessam espontaneamente após segundos. Quando não e se agravam, demandam pronta assistência por parte dos presentes e encaminhamento para o hospital. Nesse caso, recomenda-se a manobra de Heimlich, que consiste em abraçar a vítima engasgada pelas costas, aplicando, com as mãos fechadas, uma pressão contrária na região abdominal conhecida por “boca do estômago”, de forma enérgica, súbita e repetida, para expulsar o fator obstrutivo.

Caso o sufocamento ocorra em bebês, a premissa da manobra de Heimlich persiste, mas de forma adaptada. “A criancinha deve ser deitada de barriga por sobre a mão do cuidador, que deve pressionar o epigástrio (região superior e mediana do abdome), forçando a saída do corpo estranho. Em engasgos leves, deve-se inclinar a criança para frente e dar tapinhas”, recomenda Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista, membro da Academia Americana de Pediatria.

No mais, como precaução, mastigue devagar, não beba, ria ou fale enquanto come, faça as refeições sentado, corte bem e fracione os alimentos no garfo, não engula comprimidos e cápsulas a seco, trate eventuais problemas de saúde que possam estar por trás e cuidado com excesso de café, álcool, comida quente e tabagismo, que induzem inflamações, relaxamento e fechamento anormais das “válvulas” que temos localizadas no início e no final do canal alimentar.

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