GERAL
Entidades cobram “medidas imediatas” do MPSP contra casos de assédio
Duas entidades nacionais agendaram uma reunião com o comando do Ministério Público de São Paulo (MPSP) para cobrar uma política de atenção em saúde mental e combate aos assédios moral e sexual denunciados ao Metrópoles por 15 servidores e ex-funcionários.
A reunião foi marcada por representantes da Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (Fenamp) e da Associação Nacional dos Servidores do Ministério Público (Ansemp) para a próxima terça-feira (27/6), no edifício-sede do MPSP, no centro de São Paulo.
“Vamos ter essa reunião em todos os estados, mas, dada a gravidade da situação de São Paulo, optamos por começar a abordagem pelo MPSP”, afirma Alberto Ledur, um dos coordenadores da Fenamp.
A cobrança das entidades é pela implementação de uma política voltada para a saúde mental, conforme aprovado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em junho deste ano.
“No encontro, pretendemos apresentar uma minuta de regulamentação dessa política, que dê condições para que essas pessoas sejam acolhidas em um ambiente humanizado, que possam se expressar e que encontrem, na instituição, uma resposta que garanta espaço de escuta e proteção contra represálias das chefias, da gestão e dos agressores”, afirma Ledur.
Participarão da reunião, além de representantes das duas entidades, o procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, e o diretor da área de saúde do MPSP, Rodrigo Itocazo Rocha.
MPSP refuta rotina de assédio
Em nota publicada nessa sexta-feira (23/6), Sarrubbo refutou as denúncias apresentadas pelo Metrópoles e declarou que os denunciantes ouvidos pela reportagem “atacam a instituição”.
Alberto Ledur classificou a fala do chefe do MPSP como “absolutamente lamentável” e disse que a nota “representa o contrário do que se espera da instituição, que é o papel de acolher e verificar como ocorreram esses fatos”.
Uma pesquisa feita pelo CNMP aponta que 48,3% dos funcionários de todos os Ministérios Públicos estaduais sofreram assédio moral dentro das instituições. O levantamento, publicado em dezembro de 2021, ouviu 4.077 participantes; desse total, 15,2% são do MPSP.
“A pesquisa que foi feita em nível nacional demonstra essa gravidade, cientificamente. Nesse momento, em São Paulo, nem precisaria de pesquisa. O que está vindo a público, com a coragem dos servidores, revela o tamanho do problema”, diz Ledur.
No intervalo de um ano, três funcionários do MPSP se suicidaram, dois deles em dependências da instituição. Um quarto servidor tentou se matar nas proximidades do edifício-sede do órgão, mas foi contido por policiais.