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Estudante que anunciou bolsa do Prouni no supermercado premeditou suspense para realizar sonho da mãe

“Meu Deus, isso é um sonho!”. Foi assim que a estudante Sara de Almeida Feitosa, de 18 anos, reagiu ao ver seu nome na lista de aprovados no Programa Universidade Para Todos (Prouni). A cena em que ela surpreende a mãe, Shirley de Almeida, de 42 anos, operadora de caixa em um mercado de Divinópolis (Tocantins), com a notícia da bolsa integral em Fisioterapia emocionou o Brasil e viralizou nas redes sociais, ultrapassando 12,4 milhões de visualizações.
Apesar do sucesso recente nas redes sociais, a gravação aconteceu no dia 28 de fevereiro. Naquele dia, Sara entrou no local onde a mãe trabalha há 10 anos com o rosto pintado, braços coloridos e um sorriso de quem estava feliz e orgulhosa, pronta para anunciar a sonhada bolsa atendendo a um pedido antigo da mãe.
“Ela tinha me dito: ‘Quando você passar, me conta no mercado'”, revela a jovem, que ainda premeditou um suspense: “Um dia antes, disse que não tinha passado. Ela nem desconfiava!”.
O clima de festa tomou conta do supermercado. “Os clientes vibraram junto. Por ser cidade pequena, aqui todo mundo se conhece. Minha mãe ficou emocionada e ficou umas duas horas em choque depois que recebeu a notícia”, relata.
Filha de mãe solo, Sara cresceu em um ambiente onde a educação era vista como “virada de chave”. “Eu venho de uma família muito humilde, mas graças a Deus nunca me faltou o básico e nem amor. A minha mãe foi uma mãe solo, meu pai não participou da minha vida, nem da minha infância, nem financeiramente, nem afetivamente. E minha mãe sempre insistiu nessa tecla de educação. Por isso, nós vemos o Prouni como uma mudança de vida, uma virada de chave.”
Sem condições de manter cursinhos preparatórios caros, ela criou seu próprio método. “Eu sempre fui muito esforçada na escola por incentivo da minha mãe, então além de prestar muita atenção nas aulas eu estudei pelo YouTube, por aulas curtas no TikTok e com uma apostila do governo do Tocantins”.
Sara se prepara para dar início ao segundo semestre do curso de Fisioterapia na Faculdade Serra do Carmo (Fasec), em Palmas, capital do Tocantins. A escolha pelo curso veio de uma experiência pessoal.
Em 2021, seu bisavô, que morreu há quatro anos e foi a figura paterna em sua vida, ficou acamado. “Ele precisava de fisioterapia, mas não pudemos pagar. Ali surgiu meu desejo de ajudar pessoas como ele”, explica.
Hoje, para garantir sua estadia na cidade onde estuda, Sara trabalha o dia todo e estuda à noite. “Minha rotina é muito puxada, mas a vontade de vencer é maior do que o cansaço”, destaca. A saudade da mãe e da avó, que permaneceram em Divinópolis, é amenizada por ligações diárias. “Orgulhar minha mãe e mudar nossa vida é meu objetivo”, diz, citando fotos no jaleco branco que já usa com orgulho.
Sobre a repercussão de sua história, Sara afirma que ficou impressionada, mas muito feliz. “Na minha família nós prezamos muito pela educação. Nós enxergamos a esperança na educação. Então é muito importante poder inspirar outras pessoas, para que elas vejam que, independente das condições financeiras e dos rótulos que a sociedade impõe, a gente é sim capaz.”
