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Exército adota “Tolerância Zero” contra aglomerações próximas a quartéis durante julgamento de envolvidos em tentativa de golpe

Brasília, DF – Em meio ao julgamento do núcleo central do plano de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), que se inicia nesta terça-feira (2), o Exército Brasileiro determinou “tolerância zero” em relação a aglomerações e manifestações nas proximidades de suas unidades militares. A medida visa prevenir possíveis tumultos e garantir a segurança das instalações militares.
A atenção das autoridades também se volta para as manifestações convocadas para o 7 de setembro, que ocorrerão durante o período de análise do caso pela Primeira Turma do STF. O Comando Militar do Planalto (CMP) e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) têm realizado reuniões constantes para coordenar a segurança tanto no 7 de Setembro quanto ao longo do julgamento.
Em Brasília, espera-se que os atos se concentrem na região da Torre de TV, distante das unidades militares e da Praça dos Três Poderes. Oficiais do Exército avaliam que não haverá manifestações no entorno dos quartéis, em parte devido ao posicionamento do Alto Comando do Exército, que rejeitou a ideia de um plano de golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, postura que desagrada alguns apoiadores do ex-presidente.
O julgamento é considerado sensível para as Forças Armadas devido ao número de militares acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado. No entanto, oficiais têm repetido o discurso do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, de que é necessário “separar o CPF do CNPJ”, ou seja, punir os militares que cometeram crimes e preservar a imagem das instituições.
Entre os réus que serão julgados nesta primeira fase estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão do Exército; o tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama; os generais de quatro estrelas Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil); e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
Após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiadores de Bolsonaro se concentraram em frente aos quartéis, pedindo intervenção militar. Os acampamentos não foram desmobilizados e, em 8 de janeiro de 2023, grupos partiram do Quartel-General em Brasília para atacar as sedes dos Três Poderes.
Integrantes da cúpula do Exército admitem que foi um “erro” ter permitido a permanência dos acampamentos, mas argumentam que o “ambiente político” da época, com Bolsonaro ainda no poder, impediu uma ação mais enérgica.
