GERAL
Família que perdeu guarda de criança após médica acusar de maus-tratos pede justiça para ter o filho de volta
O que seria a realização de um sonho, tornou-se um pesadelo para Gilmara Furuno, de 31 anos. Mãe de primeira viagem, a mulher conta que o filho Arthur Gael, nasceu no dia 10 de julho pesando 3,120 kg. No dia em que mãe e filho receberam alta, dia 12, dois dias após o nascimento, a criança estava pesando 2,814 kg. Ainda na maternidade, a mãe, após questionar essa perda de peso, foi orientada que isso era normal em algumas crianças e que com alimentação exclusiva no peito tudo ficaria bem.
Gilmara relata que amamentava regularmente o bebê, mas o mesmo não ganhava peso, pelo contrário, ela o achava cada vez mais leve e magro. Artur Gael foi levado para sua primeira consulta, que ocorreu no dia 21 de julho, no posto de saúde Ary Rodrigues, localizado no bairro Seis de Agosto. A mãe diz que a criança não foi pesada, porque a balança da unidade estava quebrada, mas a pessoa que lhe atendeu, disse que a criança estava saudável e mais uma vez disse que era normal a perda de peso nos primeiros dias e que a amamentação seria suficiente para o pequeno.
“Eu falei para o médico que meu bebê estava perdendo peso, que eu estava amamentando e não estava sendo suficiente, pedi orientação e ele disse: ‘mãe, a amamentação do bebê, do leite materno é exclusiva, só é o que teu bebê precisa’. Foi quando eu perguntei pra ele se não tinha uma vitamina ou suplementação e ele disse que não, que só o meu leite era suficiente”, disse a mãe, que ainda perguntou ao pediatra se não deveria ser passado algum exame e ele respondeu que não, pois o bebê estava bem e saudável. “Ainda pedi para remarcar a consulta e ele disse que não tinha necessidade. Voltamos pra casa e continuei amamentando e até diminuí o espaço de uma amamentação para outra e no intervalo de dois dias o Arthur perdeu muito peso”.
Mãe e filho retornaram pra casa, mas receosa de o leite não estar saindo do seu peito o suficiente, Gilmara retirou o leite com uma bomba de sucção e colocou em uma mamadeira e a criança tomou normalmente.
Percebendo que a criança continuava perdendo peso, magra e com aparência doente, a família procurou novamente uma unidade de saúde, desta vez a URAP Vila Ivonete, onde a profissional informou que a criança estava extremamente desidratada e desnutrida e que, possivelmente estivesse com algum problema em seu metabolismo, já que mamava normalmente. A médica então encaminhou imediatamente a criança para o pronto-socorro, onde ele começou a tomar uma “fórmula” para ganhar peso, até que surgisse uma vaga no Hospital Santa Juliana.
Foi aí que, segundo Gilmara, o pesadelo começou.
“Ele deu entrada no Santa Juliana no dia 24 de julho e no dia seguinte que houve essa situação com a médica. E nós ficamos no hospital até o dia 17 de agosto, quando o Arthur foi retirado de lá e encaminhado para uma instituição de acolhimento”, relata a mãe. Gilmara contou ainda que o filho ficou os 14 dias na UTI neonatal, sempre acompanhado por ela e o pai, que realizavam as visitas diárias levando, inclusive, o leite materno, retirado da própria mãe, para alimentá-lo.
“Todos os dias a gente ia visitar o Arthur pela manhã. Eu ficava com ele umas 3 horas e a noite a gente retornava para dar boa noite. A gente tinha esse hábito. Todo o tempo que o Arthur esteve dentro do Santa Juliana ele foi assistido por mim, pelo pai e pela família, quando era permitido a visita dentro da UTI”, relatou.
A mãe disse ainda que não sabia que havia nenhuma denúncia e só tomou conhecimento quando o filho pegou alta, no dia 17 de agosto, quando ela foi impedida de ver o filho, e que o casal havia sido denunciado por maus-tratos.
A mãe diz que o que mais lhe doeu, foi que em meio a toda situação ela foi impedida de se despedir do filho e ainda ouviu da assistente social, que ele não lembraria daquele dia e nem dela. Além de ter sua maternidade questionada, quando ao perceber que a criança não estava progredindo como deveria ela deveria ter buscado atendimento médico, coisa que fez, Gilmara também foi julgada pelas pessoas, que disseram que ela e o esposo tinham “cara de drogados”.
Ainda durante a internação, exames foram realizados e se chegou ao resultado que o pequeno tinha insuficiência metabólica e anemia. No processo, a família descobriu que a profissional alegou que o Arthur teria escaras (lesões e feridas na pele que surgem como consequência de uma grande pressão aplicada na pele), porém os pais negam a afirmação e a prova é que se houvessem marcas não sumiriam com facilidade. O advogado foi até o educandário, pediu para ver a criança e tirar fotos, que inclusive estão anexadas nos autos, onde comprova que Artur não tem nenhuma marca de cicatriz de escaras.
Agora, impedida de visitar o filho, assim como todos os demais familiares, a mãe pede que justiça seja feita, pois tudo que deseja é ter seu filho de volta.
Na casa da família, o quarto do Arthur Gael, bem como seus pertences, estão intactos no aguardo de seu retorno e o que a família mais quer é poder criar o filho, que foi tão esperado e desejado por todos.
A reportagem do Na Hora da Notícia entrou em contato com a assessoria do Santa Juliana para saber se a unidade iria se manifestar sobre o caso, e recebeu a informação que a equipe jurídica estaria preparando uma nota sobre o caso e que quando estivesse disponível seria encaminhada à redação, mas até a publicação desse material, não obteve resposta.
O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM/AC) também foi procurado e respondeu que “não há qualquer informação ou denúncia sobre esses fatos, portanto, não possibilitando alguma avaliação nos limites das atribuições deste Conselho”.
A equipe também procurou o Conselho Tutelar, para saber o motivo de não ter tido o estudo social e foi informada que, apesar de ter conhecimento do caso, foi uma decisão do juizado e que eles não tiveram atendimento com a mãe até o momento.