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Fundador de concorrente, delator diz que Ultrafarma sonegava 60% das vendas

Fundador da Farma Conde, o empresário Manoel Conde Neto é o autor da denúncia mais grave nas investigações sobre um esquema bilionário envolvendo a Ultrafarma, sua concorrente. Segundo ele, a Ultrafarma sonegava até 60% do que vendia. As investigações do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) levaram à prisão de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, que foi solto após pagamento de fiança milionária.
“Até o ano passado, ela [a Ultrafarma] vendia o produto num preço que é inexplicável. E é inexplicável o Fisco não ir lá fechá-la também. Porque nós, mesmo sonegando, e eu sonegava 10% do que vendia. Eles sonegavam 60% do que vendiam e tava na cara que a sonegação lá era e é até hoje muito grande”, disse, em entrevista à TV Globo.
A sonegação de 10% citada por Conde sobre sua própria empresa foi descoberta em 2017. Na época, a Farma Conde devolveu mais de R$ 300 milhões aos cofres públicos. O empresário recebeu perdão judicial e agora está denunciando irregularidades da concorrente.
O Terra entrou em contato com a Ultrafarma a respeito da fala do concorrente e aguarda retorno.
Envolvimento de auditor
O esquema envolvendo a Ultrafarma funcionava com o auxílio de um auditor fiscal do Departamento de Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda. Neste caso, o servidor Artur Gomes da Silva Neto é apontado como o chefe do esquema.
A sua função, segundo a denúncia e investigações, era orientar as empresas sobre como pedir restituição de créditos do ICMS, acelerar os processos e aprovar os pedidos orientados por ele mesmo. Ele recebia até 40% de comissão. Como auditor, o salário de Artur já era de R$ 33 mil.
Prisão de Sidney Oliveira
Sidney Oliveira foi preso na última terça-feira, 12, e foi solto três dias depois. Junto com ele, o dono da varejista Fast Shop também foi detido, no âmbito das mesmas investigações sobre um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários do Departamento de Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda.
Os empresários foram soltos mediante pagamento de fiança de R$ 25 milhões, além da manutenção de outras medidas cautelares. Duas semanas antes de ser preso, porém, Oliveira já havia feito um acordo com o MP-SP de não persecução penal no valor de R$ 31,9 milhões. A Promotoria afirma que o dono da Ultrafarma confessou os crimes, mas a defesa sustenta que ele assinou o termo apenas para encerrar as investigações.
Com relação ao auditor Artur Gomes da Silva Neto, o MP solicitou a prorrogação de sua prisão temporária.









