GERAL
Gerentes da Caixa perdem cargo após barrarem operação de R$ 500 mi
Dois gerentes da Caixa Econômica Federal foram destituídos na última segunda-feira (8/7) após se opuserem à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para os padrões do banco.
A área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco. As informações constam de um parecer sigiloso de 19 páginas obtido pela equipe da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Esse documento classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e aponta para um “alto risco de solvência”. O parecer deveria ter sido discutido no comitê de investimento da Caixa Asset no último dia 4. No entanto, o impasse criado pela postura dos técnicos fez com que o assunto fosse retirado da pauta.
Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, foram destituídos pela cúpula da Caixa.
Segundo o jornal, o movimento de destituição dos dois gerentes foi visto nos bastidores do banco público como uma tentativa de retaliação e de eliminação das resistências internas ao negócio. Isso porque o comitê de investimentos, a quem cabe dar aval a esse tipo de operação, deverá ser recomposto com os novos gerentes dessas áreas.
Os então gerentes observaram que a Caixa Asset nunca aplicou um volume sequer próximo de R$ 500 milhões durante um prazo tão longo em instituições de perfil arriscado como o Master, que tem um rating interno de BB+, considerado de médio risco.
O Master é um banco formado a partir do antigo Banco Máxima, que tem entre os principais acionistas os empresários Daniel Vorcaro, Maurício Quadrado e Augusto Ferreira Lima.
O que dizem os bancos
A Caixa Asset informou, em nota, que “as operações em negociação são sigilosas e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa”. A companhia não esclareceu se pretende manter a operação de compra de R$ 500 milhões em letra financeira do Banco Master, apesar do parecer contrário da área técnica, nem informou de quem foi a iniciativa de fazer a operação.