O ex-ministro chegou na sede da Polícia Federal, na Asa Norte, em Brasília, por volta das 8h45 e deixou o local pouco depois das 13h30. O ministro Alexandre de Moraes determinou que Gonçalves Dias fosse ouvido após o militar aparecer em imagens circulando nas dependências do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro.
No depoimento, o general afirmou que “ao perceber a ineficiência das forças de segurança”, solicitou apoio do Comando Militar do Planalto, por volta de 14h50, momento em que chegou ao palácio. O local foi invadido cerca de 50 minutos depois, segundo a PF, às 15h41.
Gonçalves Dias alega que, ao entrar no Palácio, se dirigiu ao quarto andar, onde viu invasores sendo retirados por agentes do GSI. “Após descer para o terceiro andar, [Dias] fez uma varredura e encontrou outros invasores na sala e conduziu essas pessoas à saída”, diz o documento da oitiva.
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Questionado por que não prendeu esses invasores, o general afirmou que estava fazendo um “gerenciamento de crise” e que essas pessoas seriam presas no segundo andar, pois seria “protocolo” e ele não teria “condições materiais de fazer as prisões sozinho”.
Sobre o militar que deu uma garrafa d’água a um extremista, Gonçalves Dias afirmou que houve um corte nas filmagens que deu a entender que ele estava presente naquele momento, o que não teria acontecido.
Nesta sexta-feira, Moraes determinou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência envie, em até 48 horas, as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto de 8 de janeiro. O magistrado também derrubou o sigilo das gravações.
Demissão
Após a divulgação dos vídeos, Gonçalves Dias pediu demissão do cargo, na noite de quarta-feira (19/4). É a primeira baixa no alto escalão do governo Lula, pouco tempo depois de completar 100 dias.
Nas gravações é possível ver, além de Gonçalves Dias, militares do GSI, que são responsáveis pela segurança de autoridades e do Planalto, guiando os invasores para portas de saída, em clima ameno.
As imagens das câmeras de segurança do Planalto levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a convocar uma reunião de emergência com ministros do governo para tratar sobre o assunto. Estiveram presentes o vice-presidente Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio); Rui Costa (Casa Civil); Flávio Dino (Justiça), Alexandre Padilha (Relações Institucionais); e Paulo Pimenta (Comunicação Social).
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Após essa reunião, Lula se encontrou a sós Gonçalves Dias. Foi quando o então ministro se explicou para o presidente e colocou o cargo à disposição. Mais tarde, em uma publicação extra do Diário Oficial da União (DOU), o governo oficializou o nome do atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, para assumir o comando do GSI de forma interina.