GERAL
Imagens mostram mancha de sedimentos no Guaíba e na Lagoa dos Patos
Imagens de satélite divulgadas pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg) revelam uma extensa mancha de sedimentos, que sai do Guaíba em direção ao sul da Lagoa dos Patos. Um dos riscos, segundo o pesquisador da universidade, é que a fauna e a flora da Lagoa sejam afetadas.
As fotos foram feitas pela Agência Espacial Europeia nos dias 14, 15 e 17 de maio. No cenário, é possível ver mancha correspondente aos sedimentos, oriunda da bacia hídrica do Guaíba, que alerta para o aumento do nível da Lagoa.
No início da noite de segunda-feira (20/5), a média estava em 2,68 metros, enquanto a cota de inundação é de 1,30 metro.
“A mancha de sedimentos de coloração avermelhada corresponde basicamente a uma pluma (mancha de sedimentos em suspensão) oriunda do Lago Guaíba. Como todos sabem, houve episódios de bastante chuva na região norte do estado, o que atingiu grandes bacias hidrográficas que se comunicam com o Lago Guaíba e trazem todo esse sedimento da região interiorana para o corpo de água que se encontra conectado à Lagoa dos Patos, transferindo essa carga inteira”, diz Fabrício Sanguinetti, coordenador do
Laboratório de Oceanografia Dinâmica e por Satélites (LODS) da Furg.
O cenário é consequência das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul desde o fim do mês de abril.
Avanço lento
Conforme as imagens, estima-se que a mancha de sedimentos já ultrapassa a latitude da Vila do Bojuru, no município de São José do Norte (a cerca de 355 quilômetros da capital, Porto Alegre). O avanço é lento e determinado pela linha vermelha nas imagens.
De acordo com Fabrício, os sedimentos podem ter avanços além do que é exibido nas imagens. “É possível que as águas do Guaíba já estejam alcançando regiões mais ao sul do que podemos observar nessa mancha de sedimentos”, explica.
Como consequência do acréscimo de sedimentos, as imagens indicam de que a mancha pode afetar organismos que vivem na Lagoa, alimento que é fonte de renda de pescadores da região. “A pluma de sedimentos pode afetar tanto a flora quanto a fauna. Pode ter a redução considerável na penetração da luz do sol e a redução nos índices de oxigênio dissolvido na água. Isso prejudica os organismos presentes na área, como, por exemplo, os peixes”, aponta Fabrício.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indica como alta a possibilidade de tempestades nos municípios banhados pela lagoa, com acumulados estimados em 150 mm, até sexta-feira (24/5).
Além disso, relatório da Furg, divulgado no fim de semana, aponta que os níveis do corpo hídrico vão sofrer variações pelo menos até o fim do mês e podem subir a partir de sábado (25/5).