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Justiça manda Unisa reintegrar alunos expulsos por atos obscenos; universidade diz que acatará decisão

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Cena viral durante campeonato chamou atenção para misoginia na Unisa — Foto: Reprodução

A Justiça Federal em São Paulo determinou que a Universidade Santo Amaro (Unisa) deve reintegrar os 15 alunos de Medicina que haviam sido expulsos após serem filmados em cenas de nudez coletiva durante evento esportivo universitário. A informação foi confirmada pelo advogado Adilson José Vieira Pinto, que representa um dos estudantes expulsos. A ação havia sido ajuizada para beneficiar apenas um aluno, mas a decisão se estendeu a todos os 15 que haviam sido expulsos.

— Hoje, o reitor suspendeu os efeitos das portarias que promoveram os desligamentos, e instaurou as sindicâncias com todas as observâncias próprias do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, para apurar se houve ou não houve nenhum ilícito acadêmico, se é caso de absolvição e punição, como mandam as regras do jogo — falou ao GLOBO.

O advogado Marco Aurélio Carvalho, que representa a universidade, disse que a Unisa não vai recorrer da decisão judicial:

— A princípio não, vamos deixar a Justiça prosseguir com as investigações. Os alunos vão ser reintegrados imediatamente. A Unisa se orgulha de ter sido uma das únicas universidades a tomarem providência, e vai receber os alunos de volta e vai resguardar o direito de defesa. Se for o caso, depois das investigações, vamos tomar outras providências cabíveis.

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A cena de nudez coletiva foi gravada durante a competição esportiva CaloMed, realizada em São Carlos, entre 28 de abril e 1º de maio, mas os vídeos só começaram a circular nas redes sociais na semana passada. Após a repercussão nacional das imagens, a Unisa anunciou a expulsão de 15 alunos.

A Polícia Civil investiga o caso, e vai periciar as gravações e o ginásio onde os jogos ocorreram. Em um dos vídeos que circularam, jovens são vistos em um ato que foi interpretado como uma simulação de masturbação coletiva. O delegado João Fernando Baptista, da Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos, afirmou que estão sendo agendados os depoimentos das alunas que integram a equipe de vôlei, que estava em quadra no momento em que as cenas de nudez foram gravadas. Elas devem ser ouvidas nos próximos dias.

O GLOBO mostrou na última sexta-feira que episódios de misoginia são rotineiros no curso de Medicina da Unisa. Calouros e calouras dizem ser coagidos a aceitar uma espécie de código de conduta assim que entram na faculdade. As regras são especialmente restritas às mulheres, para que pareçam “menos sexualmente atraentes possível”, segundo um relato. A orientação dos veteranos é que elas nunca podem estar de cabelo solto, decote, acessórios, esmalte, saia ou shorts. Devem usar coque alto, calça comprida, blusa que cubra o corpo e sapato fechado. Os homens precisam ter o cabelo raspado.

Câmara quer ouvir reitores

A Câmara Municipal de São Paulo instaurou nesta terça-feira a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência e Assédio Sexual Contra Mulheres. Um dos primeiros requerimentos apresentados foi um convite para ouvir os reitores da Unisa (Universidade Santo Amaro), da São Camilo e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que tiveram estudantes envolvidos nas cenas de nudez na competição universitária.

As vereadoras que integram a comissão também querem escutar o delegado de São Carlos, responsável pelo inquérito policial que apura os episódios.

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