GERAL
Menino de 2 anos é brasileiro mais novo a entrar para sociedade internacional de alto QI
Uma família de Feira de Santana, na Bahia, foi surpreendida em setembro deste ano com uma notícia sobre um dos filhos, o pequeno Benjamin Lustosa Almeida, de apenas dois anos. Ele é o brasileiro mais jovem a ser membro da Intertel, uma respeitada sociedade internacional de alto QI, que só aceita pessoas com uma pontuação de Quociente de Inteligência superior a 99% da população mundial.
Nascido em 2022, Benjamin é gêmeo de Antonella. A mãe das crianças, a advogada Dayane Sanara de Matos Lustosa, 37 anos, conta que, desde o início, o filho sempre chamou a atenção por estar à frente do marco de desenvolvimento esperado para a idade. Mas foi durante uma viagem, quando ele ainda tinha um ano, que ela e o marido tomaram um susto ao perceberem que o pequeno já reconhecia números.
“Estávamos passando pelo corredor do hotel. Benjamin estava no colo do pai e começou a falar os números do quarto. Ele acertou todos os números que o meu marido apontou. E eram coisas que a gente nunca parou para ensinar para ele”, afirma Dayane em entrevista ao Terra.
“Já quando ele estava para completar um ano e seis meses, ele começou a demonstrar conhecimentos em inglês, a identificar formas geométricas em objetos. Foi uma surpresa”, acrescenta.
A descoberta da superdotação
No início deste ano, os gêmeos foram matriculados em uma escola bilíngue na cidade onde moram. Após três meses, Dayane e o marido, o dentista Whendel Santos Santana Almeida, 37 anos, foram chamados pela equipe pedagógica do colégio e comunicados de que Benjamin já tinha conhecimento de assuntos mesmo antes de serem ensinados pelos professores, além de grande foco em livros e interesse em ficar na sala de alunos mais velhos. Na época, a escola indicou que a família fizesse uma avaliação para saber se ele tinha altas habilidades.
E assim foi feito: Benjamin fez avaliações com neuropediatra e neuropsicóloga, que identificaram a superdotação do menino. Os testes também indicaram que o garoto tem um QI de 133, muito acima da média da população, que é entre 90 e 109.
“Foi uma surpresa. A gente sempre soube que ele era muito inteligente, mas a gente não tinha esse conhecimento de que poderia ser superdotado. Foi algo muito libertador também, porque a gente agora consegue dar um bem-estar melhor para ele por entender como é o funcionamento”, afirma a mãe.
Dayane também explica que a superdotação de Benjamin é a intelectual, mas ,atualmente, ele ainda varia muito de interesse.
“Tem momentos que está muito alinhado com números, outros mais com letras, fases da lua, planetas, animais… ele oscila bastante. Por enquanto, a gente ainda não consegue saber qual área ele vai centralizar no futuro, ele gosta de muita coisa”, continua.
Apoio para o filho
Após saber da superdotação, a família buscou a inscrição nas sociedades de alto QI, com o objetivo de ter um apoio e mais informações sobre o tema para contribuir com o desenvolvimento do filho ao longo dos anos. Além da Intertel, em agosto o menino se tornou um dos membros mais novos da Mensa, a entidade mais antiga e famosa da área.
“A gente fez o cadastro dele inicialmente pensando no nosso suporte, por encontrar outras mães e pais que vivem essa realidade, e pensando nele futuramente de estar junto com crianças e adolescentes da área de interesse dele”, comenta Dayane.
Embora a descoberta ainda seja muito recente, algumas mudanças já foram feitas na rotina de Benjamin, para estimulá-lo e potencializar a socialização dele com as crianças, como inclusão no contraturno da escola, atividades extracurriculares e aulas de capoeira. No ano que vem, o colégio deve fazer um Plano de Ensino Individualizado (PEI) para ele.
A mãe do pequeno revela que hoje um dos maiores desafios tem sido lidar com a pressão externa.
“Quando as pessoas sabem que uma criança é superdotada, já imaginam que ela vai responder tudo o que você quiser, que nunca pode errar. E não é bem por aí”, pondera.
Para os pais que também acham que o filho possa ser superdotado, ela aconselha que busquem informações e especialistas para ajudar.
“Se tiverem qualquer suspeita, independente de ser algo relacionado à superdotação ou não, busque essa avaliação para poder dar todo o apoio para a criança. Existem grupos de apoio, uma mãe dá apoio para outra, por exemplo. Já é um suporte. Fica esse alerta para quem puder, porque se os filhos estiverem bem, nós também estaremos”, orienta.
O que é a superdotação?
O conceito de superdotação ou altas habilidades corresponde a uma condição em que os indivíduos apresentam grande facilidade de aprendizagem, o que os leva a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes, segundo a cartilha Saberes e práticas da inclusão (2006), da Secretaria de Educação Especial, do Ministério da Educação (MEC). Pela definição do psicólogo educacional americano Joseph Renzulli, a superdotação é o entrelaçamento de três características:
Habilidade acima da média em alguma área de conhecimento;
Capacidade de realização criativa; e
Grande envolvimento na realização das atividades de seu interesse.
Um ponto importante é que o superdotado não é necessariamente aquele aluno que tira nota 10 em todas as disciplinas. Essa característica pode ser encontrada em alguns, mas em outros a superdotação pode se manifestar em apenas uma disciplina, como Matemática, dança, música ou esporte, por exemplo.
Essa noção equivocada de que um superdotado é aquela pessoa que “já sabe tudo” ou um “gênio” atrapalha, inclusive, na identificação e na inclusão desse público.
A avaliação para verificação de indicadores de altas habilidades deve ser multidisciplinar, envolvendo psicólogos, neuropsicólogos, psicopedagogos, os pais, a escola e outros profissionais específicos, conforme o potencial de cada indivíduo. Testes psicométricos, para a aferição do QI, também podem ser procedimentos adotados em uma avaliação.