GERAL
Ministério não remaneja lote e 140 mil doses de Coronavac vencem no DF
No último dia 31/8, a Secretaria de Saúde anunciou o descarte de 3,5 mil doses vencidas da Coronavac no Distrito Federal. Poucos dias depois, a pasta teve de jogar no lixo mais 140 mil doses que seriam destinadas para a imunização de crianças de 3 a 4 anos. A SES-DF chegou a solicitar ao Ministério da Saúde o remanejamento das ampolas, mas alega não ter recebido resposta do pedido.
Segundo pesquisa no sistema de distribuição da pasta local, o Ministério da Saúde enviou à capital do país 1.725.230 doses de Coronavac, mas somente 1.435.090 foram distribuídas. Ou seja, 290.140 ficaram nos estoques.
Ainda conforme a SES-DF, o órgão federal chegou a recolher 150 mil doses antes do vencimento. No entanto, as 140 mil restantes permaneceram estocadas. Esses lotes acabaram vencendo e foram perdidos.
Pelas contas da Secretaria de Saúde, vivem no DF, atualmente, 77.665 crianças de 3 e 4 anos. Do total, até quinta-feira (8/9), apenas 3.009 tomaram a primeira dose e somente 555 receberam a segunda.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a aplicação da Coronavac para crianças nessa faixa etária em 13 de julho.
Baixa procura
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde para a pasta se posicionar sobre o caso. Segundo o órgão, o DF estava com grande estoque de Coronavac com prazo de validade para maio e fim de junho.
“Infelizmente, ao longo da campanha, a população foi preterindo o imunizante Coronavac, e o próprio Ministério da Saúde, em suas notas técnicas e reuniões técnicas, passou a não indicar a aplicação da Coronavac para o segundo reforço, considerando os estudos de eficácia das outras vacinas”, argumentou, em nota.
De acordo com a versão da SES-DF, com a baixa procura e a menor possibilidade de uso, o DF solicitou ao Ministério da Saúde o remanejamento de todo o estoque de Coronavac, com vencimento previsto até o fim de junho.
“O Ministério da Saúde recolheu no DF 150 mil doses de Coronavac antes do vencimento. As outras 140 mil não passaram por remanejamento a tempo e elas venceram; sendo que a solicitação de remanejamento ocorreu ainda em maio, para que houvesse tempo hábil e as doses fossem enviadas a outros estados”, pontuou a pasta.
Validade
A secretaria ainda ressaltou que, como a autorização para o uso da Coronavac em crianças ocorreu em meados de julho, só poderiam ser aplicadas as vacinas que estavam dentro do prazo de validade.
“No momento do início da vacinação infantil, em 20 de julho, o DF contava com estoque de 25 mil doses de Coronavac, a serem divididas como primeira e segunda doses. Como o Ministério da Saúde não tinha estoque em sua Rede de Frio Nacional para reabastecer os estados, o órgão federal indicou que cada estado deveria começar a vacinação infantil com as doses que possuíam até novo reabastecimento”, justificou.
Versão do Ministério da Saúde
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde. Segundo a pasta, todas as unidades da Federação recebem a orientação de fazer a busca ativa do público apto para a vacinação. Argumentou ainda que envia quantitativos de imunizantes conforme demanda das próprias UFs.
“A pasta orienta que não sejam perdidas oportunidades para vacinação, de forma a evitar a perda dos insumos. Reitera-se, portanto, a responsabilidade de cada UF a gerência de seus estoques. As doses recolhidas no DF foram encaminhadas para a Central de Armazenamento”, explicou.
O ministério, no entanto, não explicou por que deixou de responder aos pedidos da SES-DF para o remanejamento das 140 mil doses. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.