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GERAL

No ano, inflação de alimentos sobe mais do que o dobro da inflação oficial

Publicado em

Nos supermercados, brasileiros têm sentido o peso do aumento dos preços dos alimentos Agência O Globo

A inflação de alimentos em domicílio subiu mais do que o dobro do índice oficial de inflação, de janeiro a agosto deste ano. Segundo o IBGE, os alimentos dispararam 11,85%, enquanto o IPCA total subiu 4,39%, como mostra o gráfico abaixo.

Na ponta do lápis, 141% a mais. Isso ajuda a entender por que os subsídios dados pelo governo para controlar a inflação têm surtido pouco efeito sobre os eleitores de baixa renda.

A deflação do IPCA registrada nos meses de julho (-0,68%) e agosto (-0,36%) foi concentrada em itens como combustíveis e energia, que receberam subsídios. É por isso que no acumulado do ano produtos como gasolina (-19,3%), etanol (-22,26) e energia elétrica residencial (-20,48%) registram quedas expressivas.

Mas esses são itens mais consumidos pelas classes mais favorecidas financeiramente. Para o eleitor de baixa renda, o que mais importa é a inflação de alimentos, produtos essenciais na cesta de compras dessas famílias. E nesse grupo de produtos os subsídios não tiveram impacto.

Inflação de alimentos — Foto: IBGE (reprodução)
Inflação de alimentos — Foto: IBGE (reprodução)

Café da manhã indigesto

O café da manhã é a refeição em que o brasileiro mais tem sentido a alta dos preços. O leite longa vida sobe 74,68% de janeiro a agosto, a manteiga, 21,07%, o pão francês, 16,64%, e o café moído, 14,67%. O queijo, por sua vez, dispara 19,2%, enquanto o presunto tem alta de 5,9%, e a mortadela, 6,92%.

No almoço e no jantar, há um certo refresco em alguns produtos importantes: o arroz tem alta de apenas 1,27% no acumulado do ano, enquanto o feijão preto cai 6,77%. Nas carnes, o aumento médio é de 2,01%. Já a farinha de mandioca dispara 15,62%, a batata inglesa sobe 16,81%, e a alface aumenta 22,97%. O ovo de galinha também sobe bastante: 13,9%.

Deflação concentrada

A deflação é concentrada em poucos itens, e isso fica claro no índice de difusão, que mede o percentual de produtos que ficaram mais caros. Esse índice voltou a acelerar em agosto, de 63% para 65%. Ou seja, de cada 100 produtos analisados pelo IBGE, 65 subiram de preço.

A campanha do presidente irá usar o dado geral do IPCA, que mostrou deflação por dois meses seguidos, para reforçar a narrativa de que a economia está indo bem neste ano de 2022. Mas, na boca do caixa, os eleitores de baixa renda continuam sofrendo para colocar comida na mesa. E é daí que se traduz a dificuldade de Bolsonaro conseguir virar a corrida eleitoral sobre Lula.

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