GERAL
O novo território maior que a França onde não há governo nem habitantes e que cresce a cada dia

Uma ilha artificial maior que a França flutua no Pacífico, mas não há motivo para comemorar.
Com cerca de 160 mil km², a mancha de lixo localizada entre a Califórnia e o Havaí é um dos fenômenos mais alarmantes dos oceanos.
Seu crescimento constante tem mobilizado cientistas e ambientalistas ao redor do mundo.
Batizada de Grande Porção de Lixo do Pacífico, essa “ilha” não possui terra firme nem abriga qualquer forma de vida humana, apenas uma vasta concentração de resíduos plásticos.
Apesar de seu tamanho comparável ao de países inteiros, sua composição a torna tanto inútil quanto extremamente perigosa. Imagens de satélite ajudam a dimensionar o problema, mas a realidade in loco é ainda mais perturbadora.
Segundo dados da ONG Oceana, cerca de 1,3 milhão de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos.
Esse material não se decompõe naturalmente, o que o torna uma fonte de poluição permanente. As correntes marítimas acabam concentrando os detritos em determinadas regiões — sendo a do Pacífico Norte a maior de todas.
O que é a “ilha” de microplásticos?
Diferente do que o nome sugere, essa ilha não permite ser pisada: sua densidade é baixa, mais próxima de uma sopa espessa de lixo. Um levantamento da BBC revelou que 94% dos 1,8 trilhão de fragmentos presentes são microplásticos, partículas minúsculas que não se agrupam nem flutuam de maneira uniforme. Essas bolinhas, invisíveis a olho nu, representam o maior perigo à vida marinha.
Esses fragmentos têm origem em embalagens, redes de pesca e objetos diversos que se fragmentam com o tempo. Plásticos descartados nos anos 1980 ainda persistem na área, comprovando a durabilidade e o impacto prolongado desse tipo de poluição.
Como a ilha de lixo está transformando o oceano?
A cada ano, a “ilha” cresce, alimentada pelo descarte irregular de lixo em áreas urbanas e pela atividade pesqueira. As correntes oceânicas espalham os resíduos em movimento contínuo, expandindo a zona contaminada. Estima-se que apenas 0,01% do material encontrado não seja plástico.
Entre os itens mais comuns estão redes de nylon e armadilhas de pesca abandonadas. Em meio ao caos ambiental, uma descoberta surpreendente: mais de 46 espécies de invertebrados já colonizaram a área, criando o que cientistas têm chamado de um “ecossistema distópico” — um habitat artificial e tóxico, totalmente moldado pela ação humana.
