GERAL
Os desafios da universitária que se tornou a única aluna de seu curso: ‘É como ter aulas particulares em uma federal’

Quando ingressou na faculdade, Isadora Resende, de 21 anos, não imaginava que terminaria o curso de forma solitária. Ela foi aprovada no bacharelado interdisciplinar em ciência e tecnologia (BICT), curso oferecido pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). No terceiro semestre, ela precisou escolher qual das três áreas seguiria.
As opções eram engenharia de produção, engenharia de software e engenharia elétrica. “Eu entrei na primeira turma, quando o campus da minha cidade inaugurou, então já éramos uma turma pequena. Ia chegando a hora da gente decidir nossa área e eu fui me acostumando com a ideia de ficar sozinha, porque todos os meus amigos queriam engenharia de software”, conta ela em entrevista a Marie Claire.
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“Me sinto a filha única dos meus professores”
A estudante entrou através do ENEM na faculdade em 2022. No início, ela fazia parte de uma turma de 100 alunos. Quando foi a única a escolher a área de produção, ela passou a ter aulas sozinha.
“Na faculdade, virou uma piada interna que sou a filha única do meu curso e eu me sinto filha única dos meus professores [risos]. Penso que é um privilégio muito grande ter doutores da área lecionando só para mim. É como ter aulas particulares em uma universidade federal! Algo que é quase impossível de acontecer”.
Segundo ela, essa mesma divisão tem acontecido nos anos seguintes. “Em uma das turmas que vieram depois de mim, só três pessoas quiseram engenharia de produção. Novamente, a grande maioria foi para software”.
“Às vezes sinto a pressão e a sobrecarga universitária de forma diferente”
Na maior parte do tempo, a universitária diz que gosta de ser a única aluna da turma. A ausência de distrações, a possibilidade de usar o laboratório sozinha e a presença dos professores ajuda.
Ela também diz que é inegável que a experiência universitária é comprometida sem as trocas cotidianas. “Mesmo que esteja na universidade, preciso pedir pra ir ao banheiro. Afinal, é chato se eu sair do nada no meio da explicação. Me sinto mal de olhar o horário no celular também, pois parece que não estou atenta”.
“Para mim não existe aquele papo de que a metade do grupo faz os slides e a outra metade a parte impressa, porque eu sou o grupo todo! Às vezes, sinto a pressão e a sobrecarga universitária de forma diferente para entregar a excelência de um trabalho feito por cinco ou seis alunos. Destacaria isso como a parte negativa”, ainda diz ela.
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“Ser a única aluna é bem cômodo para mim”
No geral, a vida como única aluna de engenharia de produção não é um problema para Isadora. Isso porque ela manteve a relação com os amigos de outras especialidades da engenharia e tem um bom relacionamento com os professores, um vínculo importante para a sua futura vida profissional.
Por esta razão, ela pontua que solicitar uma transferência para outra universidade não é uma opção. “Estou sozinha na sala de aula, mas tenho amigos na faculdade e fora dela. Me divirto muito no campus, gosto muito do meu curso e dos meus professores. Além disso, tenho o privilégio de estudar em uma faculdade que fica na minha cidade, com um campus que fica há dois quilômetros da minha casa. Mesmo com alguns contras, essa situação se torna um privilégio pra mim.”
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