Papa Francisco morre aos 88 anos

O Papa Francisco morreu aos 88 anos, nesta segunda-feira (21), no Vaticano, pouco mais de um mês após receber alta do Hospital Gemelli, em Roma, onde foi tratado por uma pneumonia infecciosa. A informação foi divulgada pela Santa Sé em comunicado oficial assinado pelo cardeal camerlengo Kevin Farrell, responsável por gerir o Vaticano durante o período de sede vacante.

Francisco havia feito sua última aparição pública no domingo (20), durante as celebrações da Páscoa na Praça de São Pedro. Na ocasião, apesar de debilitado, apareceu na sacada central da Basílica para desejar uma “feliz Páscoa” aos fiéis. A tradicional bênção “Urbi et Orbi” foi lida por um colaborador, enquanto ele circulou pela praça no papamóvel, o que não fazia desde sua internação.

Internações e estado de saúde

O pontífice havia deixado o hospital em 23 de março, após um período de internação que durou 38 dias. Durante esse tempo, tratou uma pneumonia bilateral que agravou seu estado de saúde, já fragilizado por problemas respiratórios e de mobilidade. Desde então, participou de poucas atividades públicas e evitou os ritos tradicionais da Semana Santa, aparecendo brevemente apenas em compromissos selecionados.

Nos últimos anos, o Papa utilizava cadeira de rodas devido a dores no joelho e no quadril. Em 2023, ele foi internado duas vezes e chegou a passar por uma cirurgia abdominal de grande porte. Ainda assim, manteve uma rotina intensa de trabalho.

Cerimônia fúnebre e sepultamento

De acordo com o Vaticano, o funeral do Papa Francisco será realizado em nove dias, como determina o protocolo da Igreja. A cerimônia acontecerá na Basílica de São Pedro, mas seguirá o novo formato definido pelo próprio pontífice em 2024. Ele havia solicitado mudanças nos rituais, priorizando a simplicidade.

Entre as alterações aprovadas está o uso de um único caixão simples, em substituição aos tradicionais três de cipreste, chumbo e carvalho. O corpo do papa não será exposto fora do caixão, e o sepultamento ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, conforme desejo previamente declarado por Francisco — algo que não ocorre há mais de 300 anos com um papa.

Conclave

Após o funeral, inicia-se o período de preparação para o conclave, que deverá ocorrer entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice. Durante esse intervalo, o cardeal Kevin Farrell atuará como responsável interino pelos assuntos administrativos do Vaticano. O novo papa será escolhido por um colégio de cardeais, dos quais cerca de 80% foram nomeados pelo próprio Francisco.

Legado

Jorge Mario Bergoglio, primeiro papa jesuíta e também o primeiro sul-americano a liderar a Igreja Católica, foi eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Seu pontificado foi marcado por uma atuação voltada para temas sociais, defesa dos migrantes, questões ambientais e reformas internas na estrutura eclesiástica.

Entre suas principais iniciativas estão a encíclica Laudato si’, em defesa do meio ambiente, e ações voltadas para aumentar a transparência das finanças do Vaticano. Francisco também buscou dar maior protagonismo às mulheres e aos leigos na Igreja e propôs mudanças no tratamento de casos de abusos sexuais, como o fim do segredo pontifício nesses processos.

Durante seus 12 anos à frente da Igreja, manteve-se ativo em viagens internacionais, encontros inter-religiosos e pronunciamentos em defesa da paz, especialmente em conflitos como os da Ucrânia e do Oriente Médio. Ainda assim, enfrentou críticas tanto de setores conservadores quanto de grupos progressistas, principalmente por sua postura sobre temas como imigração, união entre pessoas do mesmo sexo e a liturgia tradicional.

Vida e trajetória

Nascido em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, Bergoglio enfrentou sérios problemas de saúde desde jovem, como pleurisia, que o levou a perder parte do pulmão aos 21 anos. Conhecido por seu estilo de vida simples e pelo uso de um pequeno apartamento em vez do Palácio Apostólico, o Papa Francisco deixa como marca um papado voltado às “periferias” e uma proposta de Igreja mais próxima das necessidades humanas e sociais.

A morte do 266º papa da história da Igreja Católica abre um novo capítulo para a instituição, que agora se prepara para a eleição de seu sucessor.

Com informações da Terra, AFP, RFI e DW