GERAL
“Pardo” no Brasil: Uma identidade em transição e a percepção do racismo
A última pesquisa Datafolha revelou um retrato complexo da autopercepção racial no Brasil, mostrando que a categoria “pardo” se apresenta como um conceito em constante transformação. O estudo indica que 60% dos brasileiros que se autodeclaram pardos não se identificam como negros, enquanto 40% se veem como tal. Essa divergência levanta questões importantes sobre a construção da identidade racial no país e a influência da história e da cultura na autopercepção.
A pesquisa também destaca que a maioria dos brasileiros (65%) considera a categoria “negra” como a soma de pretos e pardos. Esse entendimento, embora presente em grande parte da população, não se reflete na autopercepção individual, evidenciando a complexidade da questão racial no Brasil.
Os dados da pesquisa Datafolha se somam ao Censo 2022, que apontou a população parda como a maior do país pela primeira vez na história. No entanto, a própria definição do termo “pardo” pelo IBGE, como “quem se identifica com mistura de duas ou mais opções de cor, ou raça, incluindo branca, preta e indígena”, tem sido alvo de debate. A ausência de uma definição clara ao longo da história contribuiu para a ambiguidade da categoria e a dificuldade de compreensão da sua abrangência.
É importante destacar que a percepção do racismo no Brasil também influencia a autopercepção racial. A pesquisa Datafolha sobre racismo indicou que 59% dos brasileiros acreditam que a maioria da população é racista. Essa percepção, presente tanto entre brancos quanto entre pretos e pardos, evidencia a necessidade urgente de ações para combater o racismo e promover a igualdade racial no país.
O debate sobre a identidade racial no Brasil é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A pesquisa Datafolha nos oferece um panorama importante para a reflexão sobre a autopercepção racial e a necessidade de ampliar o diálogo sobre o racismo e suas consequências. É preciso levar em consideração a história, a cultura e a experiência individual para compreender as nuances da identidade racial e construir um futuro mais inclusivo para todos.