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‘Pode beber?’: os perigos de misturar remédios e álcool

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Pode ser uma taça de champanhe para brindar, uma cerveja gelada na praia ou uma caipirinha com amigos no bar.

Mas se você estiver tomando certos medicamentos ao mesmo tempo, seu corpo pode ser afetado de várias maneiras.

Misturar determinados remédios com álcool significa que eles podem não funcionar tão bem. Com outros, você corre o risco de ter uma overdose potencialmente fatal.

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  • A misteriosa síndrome que deixa pessoas bêbadas com álcool produzido no próprio estômago

A seguir, compartilhamos o que você precisa saber se estiver tomando algum tipo de remédio e pretende beber.

Por que é importante?

Depois que você toma um medicamento por via oral, ele vai para o estômago. De lá, é transportado para o fígado, onde é metabolizado e decomposto antes de entrar na corrente sanguínea.

Cada remédio que você toma é fornecido em uma dose que leva em consideração a quantidade de metabolismo que acontece no fígado.

Quando você ingere bebida alcoólica, o álcool também é decomposto no fígado, e isso pode afetar o quanto do medicamento é metabolizado.

Alguns remédios são mais metabolizados, o que pode significar que não chega à corrente sanguínea uma quantidade suficiente para serem eficazes.

Outros medicamentos são menos metabolizados. Ou seja, você recebe uma dose muito maior do que a prevista, podendo levar a uma overdose.

Um barman de máscara preparando bebida

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Os efeitos do álcool (como a sonolência) podem se somar aos efeitos similares que um medicamento pode ter.

Se você vai ter ou não uma interação medicamentosa, e qual interação você vai ter, depende de vários fatores. Isso inclui o medicamento que você está tomando, a dose, a quantidade de álcool que você consumiu, sua idade, genética, sexo e estado geral de saúde.

Mulheres, idosos e pessoas com problemas hepáticos são mais propensas a terem uma interação medicamentosa com álcool.

Que medicamentos não se dão bem com álcool?

Muitos medicamentos interagem com o álcool —independentemente de serem vendidos com ou sem receita médica, como os remédios à base de plantas.

Um homem bebendo cerveja sentado em um banco na praia

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1. Medicamentos + álcool = sonolência, coma, morte

Consumir bebida alcoólica e tomar um medicamento que deprima o sistema nervoso central para reduzir a agitação e a estimulação pode ter efeitos cumulativos.

Juntos, eles podem te deixar mais sonolento, diminuir sua respiração e batimentos cardíacos — e, em casos extremos, levar a um estado de coma e à morte. Esses efeitos são mais prováveis ​​se você usar mais de um medicamento desse tipo.

Os medicamentos a serem observados incluem aqueles para depressão, ansiedade, esquizofrenia, dor (exceto paracetamol), distúrbios do sono (como insônia), alergias, resfriados e gripes.

É melhor não tomar álcool com esses medicamentos ou reduzir ao mínimo a ingestão de álcool.

2. Medicamentos + álcool = mais efeitos

Misturar álcool com alguns medicamentos aumenta o efeito desses medicamentos.

Um exemplo é o comprimido para dormir zolpidem, que não deve ser tomado com álcool.

Efeitos colaterais raros, mas graves, incluem comportamentos estranhos durante o sono, como comer, dirigir ou caminhar enquanto se está dormindo, que são mais prováveis ​​com o consumo de álcool.

Amigos brindando com cerveja do lado de fora de um pub

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3. Medicamentos + cerveja artesanal ou caseira = pressão alta

Alguns tipos de medicamentos só interagem com alguns tipos de álcool.

Entre eles, estão alguns medicamentos para depressão, como fenelzina, tranilcipromina e moclobemida, o antibiótico linezolida, a droga contra o Parkinson selegilina e o medicamento contra o câncer procarbazina.

Esses chamados inibidores da monoamina oxidase interagem apenas com alguns tipos de cervejas artesanais, cervejas com sedimentos visíveis, cervejas belgas, coreanas, europeias e africanas, e cervejas e vinhos caseiros.

Esses tipos de bebidas alcoólicas contêm altos níveis de tiramina, uma substância natural geralmente decomposta pelo corpo que normalmente não causa nenhum dano.

No entanto, os inibidores da monoamina oxidase impedem que o corpo decomponha a tiramina.

Isso aumenta os níveis no seu corpo e pode fazer com que sua pressão arterial suba a níveis perigosos.

Uma mulher idosa tomando um comprimido com um copo de água

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4. Medicamentos + álcool = efeitos mesmo depois de parar de tomar

Outros medicamentos geram interação porque afetam a maneira como o corpo decompõe o álcool.

Se você consumir bebida alcoólica enquanto estiver tomando estes medicamentos, pode sentir náuseas, vomitar, apresentar rubor na face e pescoço, sentir falta de ar ou tonturas, o seu coração pode bater mais rápido do que o habitual, ou a sua pressão arterial pode cair.

Isso pode acontecer mesmo depois quando você interrompe o tratamento, mas ingere álcool na sequência.

Por exemplo, se estiver tomando metronidazol, você deve evitar consumir álcool não só durante o uso do medicamento, como também por pelo menos 24 horas após parar de tomá-lo.

Um exemplo de como o álcool altera a quantidade do medicamento ou de substâncias relacionadas no corpo é a acitretina. Este medicamento é usado para tratar doenças de pele, como psoríase grave, e para prevenir o câncer de pele em pessoas submetidas a transplante de órgão.

Quando você toma acitretina, ela se transforma em outra substância — etretinato —, antes de ser eliminada do seu corpo.

O álcool aumenta a quantidade de etretinato no corpo. Isso é particularmente importante, uma vez que o etretinato pode causar defeitos congênitos.

Para evitar isso, se você é uma mulher em idade fértil, deve evitar consumir álcool enquanto estiver usando o medicamento — e por dois meses depois de parar de tomá-lo.

Mitos sobre álcool e medicamentos

Cartelas coloridas de pílula anticoncepcional

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Legenda da foto,A pílula anticoncepcional tem uma eficácia acima de 99%, se tomada corretamente

Álcool e controle de natalidade

Um dos mitos mais comuns sobre medicamentos e álcool é que você não pode beber enquanto toma pílula anticoncepcional.

Em geral, é seguro consumir bebida alcoólica com a pílula, pois não afeta diretamente o funcionamento do controle de natalidade.

Mas a pílula é mais eficaz quando tomada à mesma hora todos os dias. Se você beber muito, é mais provável que se esqueça de fazer isso no dia seguinte.

O álcool também pode causar náusea e vômito em algumas pessoas. Se você vomitar até três horas depois de tomar a pílula, ela não vai funcionar. Isso aumenta o risco de gravidez.

As pílulas anticoncepcionais também podem afetar sua resposta ao álcool, uma vez que os hormônios que contêm podem alterar a maneira como seu corpo elimina o álcool.

Isso significa que você pode ficar bêbada mais rápido, e ficar bêbada por mais tempo do que o normal.

Garrafas de cerveja vazias em cima da mureta de uma praça

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Álcool e antibióticos

Depois, há o mito de não misturar álcool com nenhum tipo de antibiótico. Isso se aplica apenas ao metronidazol e à linezolida.

Mas é melhor evitar a ingestão de álcool enquanto estiver tomando quaisquer antibióticos.

Os antibióticos e o álcool possuem efeitos colaterais semelhantes, como dor de estômago, tontura e sonolência.

Usar os dois juntos significa que é mais provável que você apresente esses efeitos colaterais.

O álcool também pode reduzir sua energia e aumentar o tempo que leva para você se recuperar.

Onde posso buscar orientação?

Se você pretende consumir bebida alcoólica e está preocupado com qualquer interação com seus medicamentos, não deixe de tomá-los.

O seu médico pode dizer se é seguro beber com base nos remédios que você está tomando — e, se não for, orientar sobre alternativas.

* Nial Wheate é professor associado da Escola de Farmácia de Sydney, da Universidade de Sydney, na Austrália.

Jessica Pace é professora associada da Universidade de Sydney.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

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