GERAL
Por que um ex-motorista de Pedro Guimarães assustou as vítimas de assédio na Caixa
Logo após a demissão de Pedro Guimarães da presidência da Caixa Econômica Federal em razão dos casos de assédio revelados aqui na coluna no final de junho, o banco abriu um guichê de denúncias.
No 20º andar do edifício-sede, em Brasília, funcionárias poderiam registrar as situações pelas quais passaram. O sigilo seria garantido.
No calor do escândalo, e mediante a promessa do banco de que garantiria também proteção e acolhimento às vítimas, várias mulheres procuraram o serviço.
Já no primeiro dia, um detalhe chamou atenção: na entrada do espaço organizado para receber as funcionárias havia um agente de segurança que, até dias antes, era o motorista de confiança de ninguém menos do que Pedro Guimarães.
Por ele passavam todas as funcionárias interessadas em registrar seus relatos.
Algumas das mulheres questionaram a presença daquele segurança ali — logo ele, uma pessoa da estrita confiança do ex-presidente. Era só coincidência? Elas temiam que o homem pudesse dizer ao ex-chefe quais funcionárias estavam procurando o guichê de denúncias.
O temor das vítimas logo foi levado ao conhecimento da Corregedoria do banco, que havia destacado uma equipe para acompanhar os depoimentos. A direção foi acionada para tomar providências. Diante das queixas, o segurança, que era contratado por meio de uma empresa terceirizada, deixou de prestar serviços à Caixa.
Chefe da segurança foi demitido nesta semana
À coluna, sob reserva, integrantes da cúpula do banco confirmaram o episódio envolvendo o ex-motorista de Guimarães, mas disseram que a decisão de escalá-lo para trabalhar na antessala do espaço preparado para tomar os depoimentos das vítimas não foi calculada.
A medida, classificada como equivocada, foi atribuída ao superintendente nacional de segurança, Ricardo Vilarinho, escolhido para o posto pelo próprio Guimarães e mantido até esta semana pela sucessora dele, Daniella Marques.
Na última segunda-feira, Vilarinho perdeu o cargo. A direção da Caixa nega que a demissão tenha relação com a situação envolvendo as vítimas de assédio. Diz tratar-se apenas de um remanejamento interno.