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GERAL

Procurador-Geral do MPAC alerta para riscos de fortalecimento do crime organizado em Presídios Federais

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Rio Branco, Acre – Em entrevista ao jornal O Globo, o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Acre (MPAC) e presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), Danilo Lovisaro do Nascimento, levantou uma questão preocupante: a política de transferência de líderes de facções para presídios federais de segurança máxima pode estar, paradoxalmente, fortalecendo o crime organizado.

Embora a medida de isolar chefes do tráfico em presídios federais tenha sido pensada como uma forma de enfraquecer o comando do crime organizado nos estados, Lovisaro argumenta que o contato entre criminosos de diferentes regiões dentro dessas unidades tem possibilitado a criação de novas conexões e alianças interestaduais.

“Quando transferimos esses chefes locais para penitenciárias federais, eles retornam ainda mais fortalecidos após o contato com outros líderes. Estamos permitindo que as organizações criminosas ampliem suas conexões”, afirmou Lovisaro.

Segundo o procurador-geral, uma liderança estadual, antes sem relevância nacional, pode se aproximar de chefes mais influentes, estabelecer novas alianças e retornar ao estado de origem com maior poder e articulação. Essa troca de informações e experiências entre criminosos de diferentes regiões pode impulsionar o crescimento e a expansão das facções.

A fala de Lovisaro integra uma série especial do jornal O Globo sobre as “Conexões do Crime”, que investiga como o sistema prisional federal, criado para conter a expansão das facções, acabou por facilitar a aproximação entre criminosos de diferentes estados.

Para Lovisaro, o desafio do enfrentamento ao crime organizado passa pela integração entre instituições e pela adoção de estratégias de inteligência que impeçam a articulação entre facções, tanto dentro quanto fora do sistema prisional. É fundamental monitorar de perto as lideranças e compartilhar informações estratégicas entre Ministérios Públicos, forças policiais e o sistema penitenciário.

Como presidente do GNCOC, Lovisaro tem defendido a articulação entre as diversas instituições envolvidas no combate ao crime organizado, a fim de evitar que o Estado, ao buscar isolar o crime, acabe, involuntariamente, o fortalecendo. A questão levantada pelo procurador-geral do MPAC exige uma reflexão profunda sobre as estratégias de combate ao crime organizado no Brasil e a necessidade de aprimorar o sistema prisional federal.

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