GERAL
Professor da USP é afastado depois de entregar ‘prêmio de pior aluno’ em sala de aula
Um professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) foi afastado de suas atividades depois de criar um “prêmio de pior aluno” e entregá-lo a uma estudante em sala de aula. A situação foi denunciada por alunos dos centros acadêmicos da instituição na terça-feira, 19. No mesmo dia, a USP se manifestou anunciando o afastamento do docente.
Segundo a nota dos alunos, o professor havia anunciado que daria um prêmio aos dois melhores alunos da turma – que seria uma coleção de seus livros referentes ao conteúdo do curso – e, para o pior aluno, daria um livro de poesias também de sua teoria. Os estudantes, porém não chegaram a acreditar que ele iria, de fato, realizar a última entrega.
“Nesse sentido, * e os presentes na sala 105 não só foram surpreendidos com a sórdida premiação do apontado senhor, mas também assistiram bestializados à aluna ser importunada a levantar-se frente à turma depois de negar várias vezes, e ser pilheriada por meio do uso jocoso do idioma de seus ancestrais – as palavras konichwa, sayonara, ohayo foram usadas sem nexo lógico aparente – enquanto recebia o livro”, diz a nota publicada pelos centros acadêmicos, com um asterisco no lugar do nome da estudante premiada.
A jovem não aceitou ler um trecho do livro, como insistia o professor. Ainda de acordo com os alunos, ele mesmo acabou lendo um trecho, dizendo que a garota estava “envergonhada”.
Também na mesma nota, os estudantes justificaram que a aluna premiada como “a pior” da sala passou por problemas de saúde em seu ano de ingresso na USP, precisando ser afastadas das atividades acadêmicas por diversas vezes.
“Não podendo comparecer as aulas, inclusive às avaliações, alertou os professores dos institutos em que estudava da sua condição de saúde, por meio de atestados e de recomendações médicas, já que sabia que seu desempenho acadêmico seria comprometido”, continua o texto.
O que diz a USP
O Instituto de Geociências da USP diz ter recebido “com consternação e pesar” a nota de repúdio redigida pelos alunos da instituição. “Os fatos narrados são tristes, desrespeitosos e aviltantes e não coadunam, de maneira alguma, com a filosofia da gestão recém-iniciada”, afirma a universidade.
Segundo a USP, o professor envolvido no caso já é aposentado, mas continua ativo via adesão ao quadro permissionário previsto no estatuto da universidade. Ele foi afastado das atividades em sala enquanto a situação ainda é melhor averiguada. “Se confirmados os fatos, serão adotadas as sanções cabíveis ao caso à luz do que preconiza a jurisprudência universitária”, finaliza a instituição.
O professor, identificado pelos alunos como Joel Sigolo, foi procurado pelo Terra para se manifestar. Ainda não houve um retorno, mas o espaço permanece aberto.