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Projetos contra racismo nas escolas atingem menor patamar em dez anos

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Redução das ações de combate ao racismo, machismo e homofobia nas escolas se deve ao avanço de uma onda ultraconservadora no Brasil (imagem mostra criança negra usando lápis de escrever) Foto: Pexels/Katerina Holmes / Alma Preta

Apenas metade das escolas públicas brasileiras tiveram projetos de combate ao racismo em 2021, segundo levantamento realizado pela ONG “Todos Pela Educação”, com base nos questionários do Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb) destinados a diretores e diretoras escolares, entre 2011 a 2021.

Em 2011, 66,7% das escolas informaram que tinham projetos de combate ao racismo. Já em 2015, o percentual atingiu o maior patamar: 75,6%. No entanto, nos anos seguintes o levantamento indica uma redução: em 2019 ficou em 52,2% e em 2021, em 50,1%.

Além disso, a pesquisa também aponta que os projetos de combate ao racismo, machismo e homofobia nas escolas públicas atingiram o menor patamar em dez anos. Apenas 25,5% das instituições públicas de ensino informaram que possuem projetos para combater o machismo e a homofobia. Em 2017, o índice chegou a 43,7%.

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À Alma Preta Jornalismo, a analista de Políticas Educacionais, Daniela Mendes, explica que a redução das ações de combate ao racismo, machismo e homofobia nas escolas se deve ao avanço de uma onda ultraconservadora no Brasil e na falta de priorização dessas pautas na última gestão do Ministério da Educação.

“Um outro aspecto também que é relevante é a pandemia, afinal de contas num contexto de desafios de oferta de educação com a quarentena, com o isolamento social e com a oferta sendo garantida apenas pelo modelo remoto, os desafios se acentuaram muito e esses projetos que não são centrais nas escolas acabaram sendo despriorizados mais por uma questão de contexto do que necessariamente por uma opção das escolas”, comenta a analista.

As discussões sobre pautas de raça, gênero e diversidade nas escolas também voltaram à tona diante do aumento de massacre nas escolas no Brasil nos últimos anos. Conforme levantamento realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), nos últimos 20 anos, foram registrados 23 casos no país, sendo que sete ocorreram no segundo semestre de 2022. De 2002 para 2023, 30 pessoas foram mortas. O mapeamento ainda não foi finalizado e os dados foram obtidos de forma exclusiva pelo Estúdio i, da GloboNews.

Em um dos casos, ocorrido em março deste ano, um aluno da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, matou a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, além de esfaquear outras três professoras e um estudante. Conforme depoimentos, um dos alunos afirmou que o autor do crime teria cometido o crime para se “vingar” da professora que, dias antes, teria separado uma briga ocasionado por comentários racistas.

Para o analista de Diversidade e Inclusão da ONG “Todos pela Educação”, Jackson Almeida, é preciso que as escolas adotem esses debates em formações continuadas para toda a comunidade escolar e também como pautas de compromisso público pelas instâncias governamentais.

“Precisa-se formar continuamente esses agentes para agir de forma mais combativa ao racismo, que é estrutural, ao processo de machismo que ainda é muito normalizado em situações na sociedade e como também trazer um processo que fale cada vez mais da comunidade LGBTQIAP+ em um processo de acolhimento atrelado a um processo de inclusão e respeito para sair de uma postura pejorativa”, comenta o especialista.

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Conforme Jackson, a realização dessas ações nas escolas auxiliam em um ambiente propício para a construção de identidade e autoconhecimento dentro do ambiente escolar. “Acho que é todo um processo que trabalhos continuados intencionais sobre essa pauta, não só sendo combativo a situações de machismo, homofobia e racismo, acaba propiciando um processo de identificação, apropriação, conhecimento e sabedoria”, analisa.

À reportagem, a analista de Políticas Educacionais, Daniela Mendes, comenta a importância de um ambiente escolar acolhedor para também evitar a evasão escolar.

“A criança, o jovem, tenta se afastar desse ambiente que não respeita e não acolhe, mas também tem um impacto na aprendizagem pois, por exemplo, o estresse emocional que uma criança ou um jovem pertencente a um grupo minorizado sofre torna mais difícil o aprendizado. Então quando a gente cria um um ambiente acolhedor e respeitoso a ideia é construir ali um ambiente em que o aluno queira estar, que a escola seja um ambiente em que o aluno queira permanecer e que ele tenha as condições para aprender e se desenvolver”, pontua.

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