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Seca no Rio Juruá: barqueiros e pequenas empresas suspendem operações em Cruzeiro do Sul

Publicado em

Foto: Mazinho Rogério

O baixo nível do Rio Juruá tem causado sérias dificuldades para as empresas de transporte fluvial e barqueiros que operam no município de Cruzeiro do Sul. A situação se tornou crítica, levando à suspensão das operações que conectam a cidade a municípios isolados como Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Ipixuna, no Amazonas. A seca não apenas afeta o transporte de passageiros, mas também prejudica o escoamento da produção das comunidades ribeirinhas.

As embarcações, muitas vezes pequenas e independentes, enfrentam desafios sem precedentes. Embora não seja possível determinar exatamente quantas empresas estão operando sob essas condições adversas, sabe-se que cerca de cinco barqueiros se revezam semanalmente no porto local. Com o nível da água em apenas 4,62 metros, conforme medido na última sexta-feira (30), a navegação se tornou cada vez mais perigosa, especialmente para barcos maiores que abastecem as áreas mais remotas.

Jair Lopes, representante de uma das empresas de transporte fluvial, relatou que algumas embarcações tentaram continuar operando mesmo diante da escassez de água. No entanto, a situação se tornou insustentável: “Tivemos que suspender nossas atividades. A segurança dos passageiros é nossa prioridade”, afirmou.

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Além dos problemas de navegação, a seca está afetando diretamente a segurança alimentar das comunidades ribeirinhas. Os pescadores artesanais estão enfrentando dificuldades significativas; as capturas diminuíram em mais de 60%, comprometendo a renda e o sustento das famílias. As lanchas que antes transportavam até 30 passageiros agora são forçadas a limitar o número para apenas 10, o que torna as viagens inviáveis.

A situação é alarmante para os moradores da região. Nivaldo do Carmo, um agricultor local, expressou sua preocupação: “Nunca vi o rio tão seco assim. Algumas partes estão tão estreitas que é fácil ficar preso. Um pequeno erro e ficamos encalhados”, disse ele.

Antônio Macedo, indigenista aposentado da Funai e experiente observador das mudanças climáticas na região, também se mostrou preocupado com a gravidade da situação. “Estamos no final do inverno amazônico e já enfrentamos esse nível de seca. Não sabemos o que esperar em setembro durante o auge do verão”, concluiu.

Enquanto isso, as empresas de transporte fluvial enfrentam não apenas os desafios naturais impostos pela seca, mas também um aumento nos custos operacionais e riscos à segurança dos passageiros. Sem água suficiente nos rios — que são essenciais para a mobilidade e subsistência das comunidades — a vida na região continua a ser cada vez mais difícil.

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