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Sérgio Cabral recebe visita da mãe após decisão que determinou soltura: ‘Já era tempo. São seis anos’

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O ex-governador Sérgio Cabral recebeu a visita da mãe na tarde deste sábado (17). — Foto: Felipe Azevedo/ TV Globo

Sérgio Cabral está ansioso para passar as festas de fim de ano com os filhos e feliz com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que revogou a prisão preventiva, segundo informações do advogado e da mãe do ex-governador. Ele deve deixar a cadeia apenas na segunda-feira (19) e ficará em prisão domiciliar em um imóvel da família em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

Neste sábado (17), ele recebeu a visita de Magaly Cabral no Batalhão Especial Prisional (BEP), onde está preso.

“Já era tempo. São seis anos. Ele era o único a pagar”, afirmou a mãe do ex-governador.

 

O advogado de Sérgio Cabral disse o resultado é uma vitória.

“Ele vai ficar com a família, com os filhos. Não há restrição de visitas, mas vou pedir para que ele não tenha contato, não se comunique, não procure nenhuma das pessoas envolvidas nos processos. Essa vitória, de conseguir que depois de seis anos ele possa sair da cadeia e passar Natal e Ano Novo com a família, nos traz uma alegria muito grande. Foi uma grande vitória”, disse o advogado Daniel Bialski.

Sérgio Cabral deve deixar a cadeia na segunda-feira

O STF decidiu pela sua soltura por considerar excessivo o tempo de prisão preventiva em uma das ações de que ele é alvo. No entanto, Cabral ficará em regime domiciliar por conta de outro processo.

O STF informou que o resultado do julgamento só deve ser proclamado na segunda. Somente a partir de então a Justiça Federal do Paraná, responsável pela ordem de prisão preventiva que foi revogada agora, poderá expedir o alvará de soltura.

De acordo com fontes da TV Globo, Sérgio Cabral já arrumou todas as suas coisas para deixar a cela que ocupa no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele espera que o alvará seja expedido logo.

Familiares do ex-governador devem visitá-lo na tarde deste sábado (17).

Preso desde 2016, Cabral cumpria prisão preventiva por conta de um processo da Lava Jato que tramita em Curitiba.

A Segunda Turma da Suprema Corte avaliou, porém, que a prisão preventiva, que deveria ser temporária, já se estendia muito sem haver uma decisão definitiva (em última instância). Para o ministro do STF Gilmar Mendes, a prisão do ex-governador “representava a antecipação do cumprimento da pena”.

Sergio Cabral deve cumprir prisão domiciliar em Copacabana

O advogado Daniel Bialski informou que Cabral teve a prisão preventiva transformada em domiciliar em outros processos – estes relativos à Operação Eficiência, em dezembro de 2021, sobre ocultação de patrimônio ilegal, e, em março deste ano, no processo da Operação Calicute.

Bialski acredita que ele só consiga sair da prisão na segunda-feira, final da tarde, em razão dos trâmites legais.

O Supremo Tribunal Federal tem de enviar um comunicado sobre a decisão pela liberação do Cabral à Justiça de Curitiba, onde correm os processos. A Justiça de Curitiba é que vai enviar o alvará de soltura, que tem de ser enviado para o Rio de Janeiro para que seja cumprido.
— Daniel Bialski, advogado de Sérgio Cabral

Segundo o advogado, Cabral “vai cumprir toda as determinações de uma prisão domiciliar, com saídas só sendo permitidas para ir ao médico, para alguma emergência”.

O ex-governador Sérgio Cabral deixa prédio da Justiça Federal do RJ em 2018 após acompanhar depoimento — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

O ex-governador Sérgio Cabral deixa prédio da Justiça Federal do RJ em 2018 após acompanhar depoimento — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Seis anos de prisão, sete transferências e muitas regalias

  • Cabral foi preso sob suspeita de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina de empreiteiras.
  • Ao longo do processo, o ex-governador chegou a admitir o recebimento de valores indevidos em diversos contratos assinados durante seus dois mandatos como governador, entre 2007 e 2014.
  • Ao todo, o político cumpriu 2.219 dias de prisão, o equivalente a seis anos e 22 dias no sistema prisional do estado.
  • A prisão derrubada pelos ministros do STF era a última ordem de prisão que ainda o mantinha na cadeia.
  • Os ministros decidiram revogar a ordem de prisão da Justiça Federal do Paraná contra Cabral, anular as decisões tomadas e enviar o caso para análise da Justiça Federal do Rio.
  • Em seu voto, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a revogação da prisão não significava a absolvição do ex-governador.
  • Antes das últimas decisões do STF, que anularam ou modificaram algumas sentenças anteriores, Cabral chegou a ter 23 condenações em processos da Lava Jato. As penas somaram 425 anos e 20 dias de prisão.
  • Ao todo, ele foi denunciado em 35 processos decorrentes de investigações da Lava-Jato.
  • Ele frequentou seis unidades prisionais diferentes, nas cidades do Rio, Niterói e Pinhais, no Paraná.
  • Durante o tempo em que ficou preso, as placas de isopor instaladas no teto de sua cela para isolar o calor, uma medida para enfrentar com mais conforto os dias de sol forte, não foram as únicas regalias na prisão.
  • Celulares, anabolizantes, cigarros eletrônicos e listas de encomendas a restaurantes: tudo isso já foi encontrado durante vistorias onde ele cumpria pena.
  • Em 2017, câmeras de vigilância de Bangu 8 mostraram que Cabral circulava livremente pela unidade, recebia encomendas e visitas fora de hora.

O que diz a defesa de Cabral

Em nota divulgada na noite de sexta-feira (16), os advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Patrícia Proetti e Anna Julia Menezes afirmam que a Suprema Corte reconheceu a ilegalidade da manutenção da prisão cautelar de Cabral.

Os defensores acrescentam ainda que o ex-governador ficará em regime domiciliar aguardando a conclusão das demais ações penais de que é alvo.

Veja a íntegra da nota da defesa:

“O Supremo Tribunal Federal reconheceu a ilegalidade de se manter preso o ex-governador Sérgio Cabral e determinou que ele aguarde em liberdade o desfecho do processo. A defesa representada pelos advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Patrícia Proetti e Anna Julia Menezes esclarece que ele permanecerá em prisão domiciliar aguardando a conclusão das demais ações penais e confia em uma solução justa, voltada ao reconhecimento de sua inocência e de uma série de nulidades existentes nos demais processos a que responde”.

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