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Sinal de Alerta: Desmatamento causa rara aparição de anu-branco pela primeira vez no Acre; pássaro asa-branca também foi visto
Rio Branco, Acre – A Amazônia, conhecida por sua rica biodiversidade, enfrenta uma nova ameaça: a presença do anu-branco (Guira guira), uma ave incomum na região e que nunca havia sido registrada no estado do Acre. A aparição da espécie, observada em 20 de julho pelo jovem observador de aves Rodrigo Padula, de apenas 12 anos, levanta um alerta sobre o impacto do desmatamento na floresta.
Rodrigo, que já publicou um guia fotográfico da avifauna urbana do Acre, identificou o anu-branco durante um encontro casual em seu condomínio. A ave, que se destaca por sua plumagem branca e bico preto, chamou a atenção do jovem observador, que prontamente a fotografou, registrando pela primeira vez a presença da espécie no estado.
A euforia do registro, no entanto, é acompanhada por uma preocupação crescente: a presença do anu-branco é um sinal claro da degradação ambiental que a Amazônia vem sofrendo. A espécie, conhecida por sua adaptabilidade a ambientes abertos, como áreas antropizadas, tem encontrado condições favoráveis para se estabelecer em regiões desmatadas, como o leste do Acre.
O biólogo e guia Ricardo Plácido explica que o desmatamento, especialmente ao longo de rodovias como a BR-364, fragmenta a floresta, criando corredores para a expansão de espécies generalistas como o anu-branco. A ave, que não realiza voos longos, se beneficia da abertura de áreas, facilitando sua alimentação e reprodução.
“O anu-branco é um indicador de áreas convertidas. A presença da espécie no Acre é um sinal de alerta para as autoridades competentes em relação ao manejo dos recursos naturais da região”, afirma Plácido.
A presença do anu-branco no Acre é um lembrete da fragilidade da Amazônia e da necessidade de ações urgentes para proteger a floresta. A história de Rodrigo, um jovem apaixonado pela natureza e que se tornou um importante observador de aves, destaca o papel da ciência cidadã na conservação da biodiversidade.
Ciência Cidadã: Um olhar atento para a Amazônia
Rodrigo, além de registrar o anu-branco, também fotografou pela primeira vez no Acre a asa-branca (Patagioenas picazuro), outra espécie que se beneficia de áreas abertas. “Espero que esses encontros possam ajudar a ciência a saber melhor o que está acontecendo com a nossa floresta amazônica”, afirma o jovem observador.
A paixão de Rodrigo pelas aves e sua dedicação à observação da avifauna local demonstram a da participação da comunidade na proteção da natureza. A ciência cidadã, que envolve a participação de pessoas comuns em pesquisas científicas, tem um papel fundamental na coleta de dados e no monitoramento da biodiversidade.
O caso do anu-branco no Acre é um exemplo de como a observação de aves pode fornecer informações valiosas sobre o estado da floresta. A presença da espécie, que antes era incomum na região, é um sinal de alerta para a necessidade de ações urgentes para proteger a Amazônia e garantir a preservação de sua rica biodiversidade.
Asa-branca também foi registrada pelo observador no município de Plácido de Castro, no Acre | Foto: Rodrigo Padula