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“Sonho um Brasil bonito, um Acre bonito”: Morre Frei Heitor Turrini após infecção agravada por gripe

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Frei Heitor Maria Turrini em escola que recebeu seu nome. Foto: Divulgação/Facebook
Morreu na manhã deste sábado (8), em um dos leitos do Hospital Santa Juliana, o Frei Heitor Maria Turrini, aos 95 anos, vítima de uma infecção agravada pelo vírus da gripe.

O sacerdote da Ordem Servos de Maria (OSM) estava internado há pelo menos 15 dias por conta do comprometimento dos pulmões.

Turrini estava afastado das atividades sacerdotais há um tempo por conta da saúde debilitada.

O religioso foi amigo íntimo e de longas datas do padre Paolino Maria Baldassari, falecido no último dia 8 de maio de 2016. Os dois tiveram importante atuação no município de Sena Madureira.

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Heitor era também um exímio militante das lutas em favor da preservação do meio ambiente.

Frei Heitor, ainda em vida, recebeu diversas homenagens, dentre elas uma escola que leva seu nome, na região do Floresta, o título de Doctor Honoris Causa recebido solenemente pelas mãos do Reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), e a Ordem da Estrela do Acre, a mais alta honraria concedida pelo Governo do Estado.

Quando condecorado com a Ordem da Estrela do Acre, Frei Heitor fez um discurso emocionante. “Sonho um mundo unido, sonho uma Floresta Amazônica que viva porque ela é fantástica. Sonho um Brasil bonito, um Acre bonito, todos numa só família”, disse, bastante emocionado.

O corpo será velado na Paróquia São Peregrino, localizada na Estrada da Floresta, durante todo o dia e noite deste sábado (8). Não há previsão exata para chegada do corpo. O enterro acontece no domingo (9), às 17h, no cemitério Morada da Paz.

Décadas de dedicação aos mais pobres

Frei Heitor Maria Turrini nasceu em 27 de maio de 1926, em Maserno di Montese, Modena, Itália. Chegou ao Brasil em Novembro de 1950 (tinha 24 anos), são mais de 60 anos de dedicação, humildade e serviço em prol dos mais pobres.

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Estudou teologia no seminário Arquidiocesano em São Paulo, ajudando na arrecadação de recursos;

Em 1956, cooperou na construção do colégio Nossa Senhora das Dores em Rio Branco – Acre.

De 1957 a 1960 ajudou na construção da Segunda parte da Colônia Santo Antonio Pucci, em S. Jose dos Campos, São Paulo e a Segunda parte do seminário do Turvo, em Santa Catarina

Nesta época, Fez Curso de Piloto,feito em Pirassununga e São José dos Campos (Não conseguia entender a viagem de Boca do Acre a Santa Rosa e levava 13 dias de barco).

Vivia sonhando com o avião para visitar mais vezes o povo dos Rios e ajudar nos transportes nos vários municípios. (Naquela época, no Acre não havia nenhuma outra pequena aeronave).

Em 1959 a 1960 cooperou na construção da Igreja N.S. das Dores em S.Paulo.

Em 1965 conseguiu em campanha na Itália e na Alemanha conseguir um avião novo bimotor Dornier. Mas a fábrica do avião Dornier em Munchen, delicadamente disse, “Frei Heitor, primeiro aprenda alemão e depois falaremos de avião”. Desta forma estudou dia e noite por 60 dias e voltou à Fábrica, voltando ao Brasil com o bimotor Dornier.

Nesta época, ajudou na construção do primeiro centro de treinamento pastoral do Acre em Rio Branco – AC e cooperou para a construção do Hospital Santa Juliana

Em 1970 fez a primeira viagem à China Continental. É daquele tempo a primeira visita às Ilhas Filipinas.

Em 1971 serviu um ano com os presos políticos, e no serviço pastoral às moças de vida livre em São Paulo.

Voltou ao Acre, e durante vários meses continuando o serviço e trabalho com o problema da prostituição em Sena Madureira.

1973 à 1983, serviu tanto em Brasiléia, quanto em Sena Madureira.

Em Brasiléia, visitou todas as famílias da paróquia (visita em todo município e do lado da Bolívia). Foram cerca de 22 mil horas a pé na floresta.

De 1977 à 1984, em Sena Madureira, fez desobrigas no Rio Purus e no Rio Caeté.

Em 1980 conseguiu dos Superiores um ano sabático, de repouso,de oração e de estudo. E passou seis meses em Bangladesh estudando a língua (O Bangladesh com a mesma superfície do Acre, enquanto no Acre temos menos de um milhão de pessoas e no Bangladesh temos 138 milhões de pessoas)

Na Universidade Gregoriana de Roma estudando Taoísmo e Islamismo no Instituto Apolinare. (E ainda hoje Heitor entusiasta do Islã sonhando que um dia teremos o encontro religioso entre todos os países do planeta)

Em 1981 conseguiu obter de 600 toneladas de materiais para a construção da Galeria meta para apoiar a autonomia da Diocese e Convento de Rio Branco.

Em 1984 a 1990, serviu na Missão dos Servos de Maria nas Ilhas Filipinas, cooperou na fundação da ordem nas Filipinas;

De 1990 a 1991, serviu em São Paulo cooperando na construção da Creche Nossa Senhora das Dores no Ipiranga.

Em 1992, cooperou na reforma do Instituto Santa Juliana em Sena Madureira.

Em 1993, frei Heitor cooperou em Sena Madureira para a construção da nova Igreja de Cristo Libertador.

Em 1995, fez a campanha SALVE A SELVA com a comunidade OSM de Sena Madureira com o apoio da CNBB e da Diocese de Rio Branco. (Enviando 42 mil assinaturas ao Presidente da República Dr. Fernando Cardoso de Almeida para que fosse anulada a Lei 4.771 que permitia a destruição de 50% por cento da selva Amazônica) – Em 2000 a reserva legal na Amazônia é alterada para 80%

De 2000 a 2004, trabalhou em Sena Madureira e acompanhando as comunidades do município de Manoel Urbano e de Santa Rosa. Nos últimos anos vem realizando visita nas comunidades de ramais e estradas, procurando visitar casa por casa, família por família.

Em novembro de 2001, juntamente com Padre Paolino e colaboradores, cria a Fundação Amigos da Amazônia-FUNAAM, com o objetivo de implantar algumas obras sociais que pudesse colaborar de forma direta com a diminuição da desigualdade social no município de Sena Madureira. E no ano de 2010 doa a Fundação totalmente ao Povo de Sena Madureira, para que a mesma continue seus serviços em defesa da Amazônia, em favor da juventude em especial dos mais pobres.

Entre 2008 e 2009 buscou a impressão em duas línguas de 100 mil livros: A AMAZONIA QUE NÃO CONHECEMOS distribuído no Brasil e na Itália. Nesta campanha, fez um pedido pessoal ao Santo Padre o Papa, ao Presidente Lula e ao Presidente da Itália e ao Governador do Acre para um maior amor e maior justiça em favor da nossa Amazônia.

Devido ao seu trabalho realizado ao longo desses anos já recebeu várias homenagens, entre elas, o DIPLOMA DOCTOR HONORIS CAUSA recebido solenemente pelas mãos do Reitor da Universidade UFAC. (Biografia retirada de Agência de Notícias do Acre)

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