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GERAL

Suspeito de crime sexual participa de evento contra abuso de crianças e adolescentes em Rio Branco

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No último dia 17 de maio, a Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), lançou a campanha Maio Laranja, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a sociedade contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. “O objetivo mais importante é chamar a atenção da sociedade para esse assunto. A iniciativa busca fortalecer a rede de proteção do município, enfatizando a importância da denúncia e do apoio às vítimas”, informou o secretário da SASDH, Wellington Chaves, na matéria divulgada pelo Portal da Prefeitura de Rio Branco.

“A rede está alinhada para que possamos combater o abuso sexual e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Hoje estamos mobilizando toda a rede de proteção do município e do estado, para que possamos dar ênfase no mês de conscientização, embora a prefeitura e toda a rede trabalhem essa conscientização e esse combate o ano inteiro”, disse a diretora de Direitos Humanos da SASDH, Rila Freze, na matéria da assessoria no Portal da Prefeitura.

Até aí tudo bem, mas no dia 18 de maio, marcado como o Dia Nacional de Combate à Violência Contra Crianças e Adolescentes, foi realizada uma atividade com uma roda de capoeira na Praça da Revolução, além de panfletagem nas ruas, com o objetivo de informar o maior número possível de pessoas sobre a importância da denúncia e da proteção às vítimas. No entanto, para algumas famílias, foi o pior dia de suas vidas, pois viram como convidado e defensor das crianças um homem que já foi denunciado e está sendo investigado pelo Ministério Público justamente por supostamente ter cometido tais crimes contra adolescentes e crianças: abuso sexual.

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Uma reportagem do jornalista Adilson Oliveira foi exibida com riqueza de detalhes nos programas jornalísticos da TV Gazeta, afiliada da TV Record, em novembro do ano passado, sobre as denúncias contra “Chiclete”. O site A Gazeta.net também fez matérias mostrando em detalhes as denúncias contra o professor de capoeira, suspeito de crime sexual contra uma adolescente de 13 anos. Além disso, outros professores do grupo dele também podem ser acusados de abuso. Na época, a mãe de uma adolescente de 13 anos denunciou o professor de capoeira e líder do grupo Senzala em Rio Branco, conhecido como Jonathas dos Santos Alves e chamado pela maioria das pessoas de “Contramestre Chiclete”, por supostamente ter abusado sexualmente de sua filha. De acordo com a mãe, ele também pode ter abusado sexualmente da menina na própria casa em que ela morava. A mãe descobriu as mensagens incriminatórias ao verificar o celular da filha e, desde então, denunciou e aguarda alguma resolução. A mãe relata ainda que outro professor tocou nos seios de uma das garotas ao ajudá-la a experimentar uma blusa.

“A sensação é de indignação, tristeza e injustiça ao saber que ele foi convidado a participar de um momento como este, em um dia tão delicado. Realmente, vejo que as vítimas não têm amparo algum. Ao mesmo tempo, não foi uma surpresa, pois quando os fatos ocorreram, houve uma conversa direta com a vice-prefeita de Rio Branco (Mafisa Galvão), que era responsável pela SASDH. No momento da conversa, ela expressou espanto e ofereceu ajuda, dizendo que iria afastá-lo do cargo que ele tem na prefeitura, já que é coordenador de um centro cultural frequentado por muitas crianças. Ele não poderia estar exercendo um cargo onde passam inúmeras crianças e adolescentes. Entretanto, na prática, ela não fez nada. Pelo contrário, ajudou-o, e segundo o que ele se gaba por todo canto, essas denúncias não dariam em nada, pois o senador Sérgio Petecão iria usar sua influência e disponibilizar seu advogado pessoal. Logo vemos como a politicagem é imunda, e infelizmente, o sentimento que temos é de revolta, tristeza, impunidade e impotência diante de uma situação tão suja, onde ninguém faz nada. E quem deveria agir, proteger e zelar, pelo contrário, apoia o abusador e ainda o convida para um ato como esse, mostrando realmente que a justiça não existe e que as vítimas não têm amparo algum pelos órgãos competentes. Realmente é algo muito revoltante. Ainda mais quando a prefeitura sabe das denúncias, sabe dos ocorridos, como a própria vice-prefeita, pois ela viu as provas, mostrei tudo para ela”, disse uma vítima, que por segurança, terá sua identidade e a de sua família preservadas.

A diretora de Direitos Humanos, Rila Freze, foi procurada pela equipe de reportagem do NHN e lamentou a situação. Ela disse não conhecer “Chiclete” e não sabia das atividades que ele fazia. “Jamais concordo com uma situação dessas. A Prefeitura não tem ciência dessas situações, infelizmente não nos informam e também ficamos vulneráveis. Era importante o sistema de justiça nos informar”, disse ela, que ainda se compadeceu da mãe e da vítima. “Coitada dessa mãe, jamais seremos coniventes com uma pessoa dessas. Rose, você conhece meu trabalho, e creio que conhece um pouco da minha essência, jamais colocaria um abusador em uma ação. Vou averiguar. Não sabia que fazia atividade lá. Eu não conheço e é uma pena minha imagem perto dele (foto do evento). Eu realmente não sabia, às vezes o fuxico chega, mas o que é para chegar não chega, que é uma informação dessa”, lamentou a diretora. Ela finalizou dizendo: “Jonathas dos Santos Alves, é esse, né? A partir de hoje, tenha a certeza de que jamais participará de qualquer atividade nossa.”

O atual secretário da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, Ivan [sobrenome não mencionado], disse que também não tinha conhecimento da situação e que verificou uma matéria feita pela TV Gazeta do ano passado falando sobre o assunto. “Nosso posicionamento é que somos totalmente contra qualquer pessoa que pratica atos de violação de direitos contra nossas crianças. Até porque estamos numa Secretaria de Assistência Social e estamos para garantir direitos, e coibimos qualquer um. Por estarmos em um cargo público, temos que ser os primeiros a ser transformadores e agentes de proteção das nossas crianças e adolescentes. Estamos averiguando aqui todas as medidas a nível de justiça que serão tomadas nesta situação, e a pessoa (Chiclete) não passará mais aqui na secretaria, não deverá participar de nenhum evento até que prove o contrário. Ele tem o direito à ampla defesa e os órgãos devem apurar toda a situação. Mas nossa posição é sempre em defesa das nossas crianças e adolescentes”, disse Ivan [sobrenome não mencionado].

Por ter sido citada pela denunciante, a vice-prefeita Mafisa Galvão também foi procurada por nossa equipe de reportagem e prontamente respondeu aos questionamentos. Ela disse que, de fato, sabia da denúncia, mas nada pôde fazer na época, pois o indivíduo citado não tinha cargo comissionado, mas era terceirizado da FGB – Fundação Garibaldi Brasil. No entanto, como ela teve a confirmação de que o MP já estava com a denúncia, esperou pela investigação daquele órgão e depois teve que se afastar da secretaria e não soube mais desse ou de outro assunto relacionado à SASDH.

“Quando a vítima foi me comunicar, o processo já estava em andamento no Ministério Público há algum tempo, então fiquei mais tranquila por saber da agilidade do doutor Maia, que na época era o promotor responsável pela pasta, e da doutora Patrícia, também, se não me engano. Todos tinham cuidado e agilidade, principalmente com crianças e adolescentes, então fiquei tranquila por ela já ter feito a denúncia. A outra parte que me caberia era apenas fazer o registro daquela visita. Conversei com o seu Jota, e vou até atrás desse relatório que fiz, para constar na pasta de promoções dos direitos, a visita dessa pessoa, e assim que o Ministério Público solicitasse alguma informação, estaria pronta para servir e ajudar”, disse Mafisa.

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Sobre um possível desligamento de “Chiclete”, Mafisa disse que ficou impedida e relatou à equipe do NHN os motivos. “Não cabia a mim desligar o rapaz porque ele não era cargo comissionado da prefeitura, não é funcionário da prefeitura. Esse rapaz tem um contrato antigo com uma empresa terceirizada que presta serviço para a FGB, que não tem nada a ver com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos. Então, quem poderia desligar e devolvê-lo era apenas a empresa que o empregava. Não tinha o poder, como secretária, de intervir na demissão desse rapaz, então o que fiz foi alertar, apenas verbalmente, o presidente (da FGB) que logo foi desligado, foi demitido. E aí chamei a diretoria de direitos humanos, na pessoa que promove os direitos humanos, que é o seu Jota, e comuniquei a situação. Porque se chegasse alguma notificação do Ministério Público em relação a essa pessoa, ele tivesse ciência do que estava acontecendo e pedi que ele fizesse o relatório da visita dessas meninas. Acredito que esse relatório exista na SASDH, apenas não foi encaminhado para o Ministério Público, porque a denúncia foi feita diretamente ao Ministério Público, que é o órgão responsável por investigar e punir as pessoas que praticam esse tipo de crime”, esclareceu Mafisa Galvão.

A reportagem procurou o senador Sérgio Petecão, que disse apenas que conhece e ajuda muitas pessoas, porém não tem conhecimento sobre essa situação. Ele ainda brincou dizendo: “Não tenho nem advogado particular, pois quando você precisa de advogado é porque está enrolado com alguma coisa, prefiro evitar”. O senador afirmou que nunca prometeu advogado para ninguém.

O Ministério Público também foi procurado para saber o andamento do processo, mas até o fechamento desta edição, não tivemos retorno.

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